Quarta-feira, 27 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 25 de maio de 2015
Afastado do cargo pela Justiça no fim do março, o ex-prefeito de Itaguaí (RJ) Luciano Carvalho Mota (ex-PSDB) é investigado pela PF (Polícia Federal), acusado de chefiar um esquema de desvio de verbas públicas e por irregularidades em licitações na prefeitura. A última irregularidade descoberta envolve os cemitérios do município.
Segundo a PF, ao todo 30 milhões de reais teriam sido desviados por mês dos cofres de Itaguaí – o que representa um terço do orçamento do município. Em grande parte, o montante teria origem em recursos dos royalties do petróleo e do Sistema Único de Saúde, repassados pelo governo federal.
A receita dos cemitérios municipais ia diretamente para o ex-diretor de Assuntos Funerários Celso Marciel de Oliveira. O procurador do município Emídio Jorge Martuscello Coutinho denuncia que o esquema tinha o aval de Mota e de três ex-secretários de Obras. De acordo com o procurador, no ano passado foram arrecadados apenas 507 reais em serviços funerários. Ao prestar esclarecimentos na Procuradoria, o servidor confessou que recebia em mãos os pagamentos dos serviços funerários e que usava a verba “para comprar água, uniformes e para fazer a manutenção dos cemitérios.”
No depoimento, Oliveira disse que “15% dos sepultamentos eram isentos após telefonemas de políticos aliados.” Ainda segundo o ex-diretor, os serviços eram arquivados em computador, e ele mesmo mandava confeccionar recibos com timbre oficial da prefeitura em uma gráfica local.
Oliveira revelou ainda que priorizava sepultamentos de moradores de outras cidades, com a autorização de Mota. “Enquanto uma gaveta no cemitério do Sase [de Itaguaí] custa 479 reais, o serviço no Rio não sai por menos de 1,7 mil reais. Imagino que priorizavam gente de fora para fazer caixa”, acredita Coutinho. Segundo o procurador, atualmente os enterros são feitos mediante o pagamento de uma guia da prefeitura. A prestação de contas sobre a receita é exigida no primeiro dia útil do mês.
O prefeito em exercício, Weslei Pereira (sem partido), afirmou que encaminhará o caso à Promotoria de Tutela Coletiva de Angra dos Reis. “São tantas anomalias que estamos encontrando e essa foi apenas mais uma delas. Como pode a receita dos funerais realizados em Itaguaí não ser recolhida? E tem mais: descobrimos a existência de uma funerária do Rio de Janeiro que usava os cemitérios de Itaguaí para enterrar seus corpos, o que não é permitido por lei”. (AD)