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Entidade alerta que quase 100 cidades gaúchas ainda sofrem com a saída dos médicos cubanos

Governo de Havana interrompeu o convênio em novembro, após críticas de Bolsonaro. (Foto: Agência Brasil)

Passados cinco meses desde a saída dos cubanos do programa Mais Médicos, a direção do Cosems (Conselho das Secretarias Municipais de Saúde) lamenta que 92 das 289 cidades gaúchas que perderam esses profissionais estrangeiros continuam com vagas não preenchidas. Destas, 59 sequer receberam participantes brasileiros do programa.

Os profissionais cubanos deixaram o Brasil depois que o governo de Havana decidiu extinguir o convênio com o governo do Brasil, em novembro do ano passado. A medida foi tomada após duras críticas ao programa (criado em 2013, durante o primeiro governo de Dilma Rousseff) por parte do então recém-eleito presidente Jair Bolsonaro – que após assumir o cargo abriu um novo edital, cuja primeira fase priorizou a contratação de brasileiros.

De acordo com o presidente da entidade, Diego Espíndola, cerca de 2 milhões de pessoas (o equivalente a 17,6% da população do Rio Grande do Sul) sofrem o impacto da debandada dos 617 médicos estrangeiros que atuavam no Estado. “Os impactos negativos se somam à já precária situação da saúde”, ressalta.

Mais críticas

O deputado estadual Valdeci Oliveira (PT), membro titular da Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa, define a saída dos caribenhos como “um atentado contra a vida das famílias mais vulneráveis do País” e “uma irresponsabilidade do governo federal sepultar um programa como esse sem ter alternativa concreta para substituir os profissionais que garantiam atendimento qualificado à população”.

Ainda conforme o parlamentar, o problema tem se manifestado no Rio Grande e em cidades-polo como Santa Maria, Canoas, Caxias e Porto Alegre. “A já castigada saúde do Brasil, vítima da ‘Emenda Constitucional da Morte’, afunda ainda mais com o desmantelamento do Mais Médicos. Vamos denunciar esses retrocessos, porque eles vão significar mais adoecimentos e mais mortes”, reitera.

Oliveira diz que consultas, procedimentos e atendimentos domiciliares atrasam diariamente ou mesmo deixam de ser realizados, principalmente nas zonas rurais de municípios descobertos: “Os médicos cubanos chegaram ao Brasil para reforçar a atenção básica, por meio da qual é possível resolver até 80% dos problemas de saúde. Com a desassistência na atenção básica, aumentam os agravos à saúde da população e as demandas por atendimentos nas redes de média e alta complexidade”.

(Marcello Campos)

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