Político hábil sabe correr na frente. O ministro chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, não deixou os tucanos prepararem as trombetas da saída do governo e anunciou ontem que não estão mais na conta da base de sustentação.
Funcionou como agente provocador e a reação foi imediata: a direção do PSDB disse que não havia necessidade de uma declaração tão forte. Deixar as delícias do poder provoca uma dorzinha chata.
Padilha acrescentou que o presidente Michel Temer poderá manter integrantes do PSDB em ministérios, mas dentro da quota pessoal. É a tática para não dinamitar pontes. Eles ainda podem se aliar em 2018.
Definiu
Para completar, Padilha desfez o nó que havia para venda de ações do Banrisul. Com a autoridade de quem não pede, manda.
Situação rara
Os deputados Marcel van Hattem e Jeferson Fernandes, que sempre estão em lados opostos, concordaram durante a sessão plenária ontem: o Banrisul não pode vender ações para fazer caixa, pagando despesas imediatas. O valor deve ser depositado em um fundo para investimentos futuros. Têm razão nos discursos que fizeram.
Expectativa
O IBGE divulgará amanhã o resultado do Produto Interno Bruto de julho a setembro. Ano passado, no mesmo período, houve recuo de 0,8 por cento, frustrando a expectativa de saída da recessão. Foi a sétima queda consecutiva e a mais longa sequência de retrações desde 1996.
Dedo na ferida
CPI da Assembleia Legislativa, criada ontem, vai investigar denúncias de práticas irregulares utilizadas por empresas seguradoras na cobertura de veículos. Há suspeitas de que peças de veículos roubadas estão sendo vendidas para oficinas contratadas que fazem os consertos. A proposta é do deputado Enio Bacci.
Enfim, a devolução
Os governos gostam de agir de forma discricionária, achando-se donos da verdade e impondo absurdos. Um dos crimes foi passar a tesoura no rendimento das cadernetas de poupança. Demorou, mas a conta apareceu. Os depositantes serão ressarcidos em 11 bilhões de reais. Não é tudo, mas o começo do ajuste de contas.
Aplicação relativa
A Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou, ontem, projeto que torna crime o porte de arma branca, como facas, canivetes e estiletes. A proposta estabelece que “constitui crime, punível com detenção, de um a três anos, e multa, o porte de artefato perfurante, cortante ou contundente com a finalidade de praticar crime”. O grande problema é que não atinge a bandidagem.
Palpite infeliz
Tramita projeto na Câmara dos Deputados, determinando que as agências bancárias funcionem aos sábados e aos domingos entre 9h e 14h. O autor é Marcos Soares, do DEM do Rio de Janeiro. Quer que os assaltantes, sobretudo no seu Estado, rompam o descanso e trabalhem aos finais de semana, aproveitando que os clientes sairão das agências para percorrer ruas desertas.
No balanço da canoa
A 30 de novembro de 2005, a Câmara dos Deputados cassou o mandato de José Dirceu. Foram 239 votos a favor e 192 contrários. Tornou-se o sexto deputado federal a perder o mandato no rastro do mensalão. Um ano depois, o Conselho Político do PMDB aprovou a proposta do presidente Lula de formar um governo de coalizão. Dos 45 conselheiros presentes, 42 aceitaram. A decisão foi tomada depois de duas horas de discursos. O presidente do partido, Michel Temer, telefonou para o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, para informá-lo da decisão.
Por falta de candidatos
Mais um ano sem que consigam entregar o Prêmio Nobel da Coragem na Gestão Pública.