Segunda-feira, 06 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 10 de julho de 2023
A baixa adesão dos jovens ao mercado e o lento, mas contínuo, envelhecimento da população estão transformando o mercado de trabalho brasileiro e trazendo novos desafios ao avanço da produtividade, tanto no setor público quanto no privado. A idade média dos trabalhadores ocupados, segundo a consultoria LCA, está em 39,3 anos.
Esse envelhecimento, revela o Censo, deve se intensificar nos próximos anos, em razão do lento aumento da população. “Isso é péssimo para a economia”, aponta o diretor da FGV Social, Marcelo Neri. Como parte desse cenário, a migração para fora do Brasil, fruto das demandas na área de tecnologia. O crescimento da economia fica, assim, mais dependente do aumento da produtividade – algo difícil de alcançar sem melhoria na educação.
Um movimento silencioso e contínuo tem transformado a realidade do mercado de trabalho no País. Nos últimos anos, a idade média da população ocupada subiu e agora se aproxima cada vez mais dos 40 anos, de acordo com um levantamento realizado pela consultoria LCA.
Esse envelhecimento dos trabalhadores deve se intensificar nos próximos anos, diante de um cenário de lento aumento da população – os dados recentes do Censo mostram que a taxa média de crescimento populacional já é a menor desde o primeiro levantamento feito no País, em 1872. O resultado é também um número menor de jovens entrando no mercado de trabalho comparado a anos anteriores.
“Esse fenômeno é uma boa notícia para o jovem (que terá menos concorrência), mas péssima para a economia”, diz o diretor do FGV Social, Marcelo Neri.
A economia brasileira já passou pelo bônus demográfico, conseguiu avançar nos anos de escolaridade, mas não viu a população subir nos rankings internacionais que medem a qualidade do ensino. Agora, sem poder contar com mais mão de obra disponível para ingressar no mercado, o crescimento do País ficou ainda mais dependente do aumento da produtividade – que está ligado justamente à melhoria nos níveis de educação.
Neri lembra que, além de ter de conviver com menos jovens entrando no mercado, há ainda a migração para fora do País, acentuada sobretudo por causa da demanda por profissionais de tecnologia.
Cenário
No primeiro trimestre deste ano (último dado disponível), a idade média da população ocupada chegou a 39,3 anos. Desde que a LCA começou a pesquisa, em 2012, esse número só foi maior em junho de 2020, quando o levantamento precisou ser alterado por causa da pandemia de covid-19.
O estudo da LCA foi realizado com base nos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), apurada pelo IBGE. “A tendência é a população ocupada continuar envelhecendo, seguindo um pouco essa questão da população geral”, diz Bruno Imaizumi, economista da consultoria.
Outro fator que eleva a média de idade no mercado de trabalho está relacionado às novas visões e propósitos da população, avalia o CEO da 99Hunters, Felipe Mollica. Segundo ele, enquanto a nova geração tem entrado mais tarde no mercado de trabalho por questões pessoais e de carreira, profissionais maduros optam por ficar mais tempo na atividade.
O envelhecimento do País e, consequentemente, do mercado de trabalho abrem desafios tanto para o setor público quanto para o privado. A expectativa é de que a população em idade ativa diminua já a partir da primeira metade da próxima década, antecipando um movimento que estava previsto só para o final dos anos 2030.