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Por Redação O Sul | 10 de abril de 2018
O secretário Executivo e ministro em exercício do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Eumar Novacki, esteve na sede da Farsul, nesta segunda-feira (9), para a elaboração de estratégias para o desenvolvimento das culturas do trigo, arroz e leite do estado. A reunião foi promovida pelo presidente do Sistema Farsul, Gedeão Pereira, que articulou o encontro com o secretário e o próprio Ministro, Blairo Maggi, durante a Expodireto Cotrijal, no mês de março. O objetivo é a implantação de planos semelhantes ao lançado pelo Mapa para a fruticultura em parceria com o setor privado.
O presidente do Sistema Farsul , Gedeão Pereira, ressalta que foram dados os encaminhamentos possíveis, não exatamente os necessários.”O ministro tem uma ideia estruturante que é semelhante a nossa. Seriam políticas agrícolas determinadas, de caráter duradouro, para que as cadeias não fiquem nessa instabilidade que tem sido nefasta ao crescimento delas”, comentou.
Novacki explica que o objetivo é desenvolver programas de governança que vão além das soluções emergenciais. “É um projeto para unir boas práticas, estudar e abrir novos mercados internacionais, além de valorização do produto por meio de estratégias de marketing”, detalha. Para o secretário, o trabalho depende da mudança de comportamento. “Se nós queremos ser grandes, precisamos pensar grande. É uma questão de sobrevivência. Para que a gente continue ocupando espaços precisamos nos organizar”, avalia.
Antes de discutir cada cultura individualmente, o economista-chefe do Sistema Farsul, Antônio da Luz apresentou sugestões visando melhorar as atuais políticas públicas do setor. Conforme o economista, além de ter poucos recursos disponíveis, o governo gasta mal. “A maior parte são para folha de pagamento e custos administrativos e tributários em bancos oficiais. Precisamos usar melhor os recursos em políticas públicas que realmente façam a diferença na vida do produtor”, indica.
Os problemas enfrentados pelo arroz e leite não são muito diferentes. As questões envolvendo o Mercosul estão entre as principais reclamações. A diferença nos valores dos insumos que acabam por interferir diretamente na competitividade do produtor brasileiro foi debatida. A demanda da Farsul, que já foi levada à FPA, recebeu a promessa de comprometimento do ministro em revisar a questão para todas as cadeias.
O presidente da Comissão do Arroz a Farsul, Francisco Schardong, destaca que o cereal passa por dificuldade por um longo período . Para ele, isso acontece porque muitos soluções apresentadas pelo governo não passam pela real demanda da lavoura. “É um setor que vem se afundando ano a ano. O Plano Safra para o arroz é uma miragem, a gente não consegue chegar nele”, reclama.
Farsul, Fetag e Sindilat entregaram documento ao ministro solicitando a escoamento de 50 mil toneladas de leite em pó ou o equivalente em UHT. O mecanismo utilizado seria por meio de compras governamentais e pela utilização do Prêmio de Escoamento da Produção (PEP) para derivados lácteos (leite em pó, UHT e queijos).
Já a sustentabilidade da triticultura está comprometida, conforme o presidente da Comissão das Culturas de Inverno da Farsul, Hamilton Jardim. Ele lembrou que o Plana Safra cobre, apenas, entre 55% e 60% dos custos de produção, o que colabora na redução da área plantada nos últimos anos. “Temos problemas de custos de produção, de preço mínimo, de seguro agrícola. Além disso, os produtores ainda não receberam o Pepro da safra anterior”, aponta o dirigente que destaca que a produção do trigo não representa 70% do consumo no país.
A reunião se estendeu ao longo do dia e teve a participação, além dos diretores da Farsul, de integrantes da equipe técnico do Mapa, parlamentares estaduais e federais, representantes da Fetag, Federarroz, Sindilat, entre outros. Em 30 dias acontecerá um novo encontro em Brasília quando as culturas de arroz e leite irão apresentar uma proposta de estruturação para as cadeias.