Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 8 de junho de 2020
Ao completar 79 anos, Erasmo Carlos recebeu um presente inesperado. Em isolamento social desde o início da quarentena, o Tremendão ganhou do produtor musical Marcus Preto o projeto surpresa #NossoGiganteGentil, uma espécie de songbook afetivo com 32 vídeos de artistas de diferentes estilos e gerações interpretando canções do homenageado.
“Foi uma surpresa muito grande, como das poucas que tive na minha vida. Foi tão inesperado que a ficha ainda não caiu, fiquei maravilhado. Amei os arranjos, a simplicidade e a sinceridade de todos”, diz Erasmo.
Disponíveis no Instagram da iniciativa, as gravações contam com nomes como Paulo Miklos (“Pega na mentira”), Mart’nália (“Gatinha manhosa”), Marcos Valle (“Coqueiro verde”) e Daniela Mercury (“Olha”).
“Eu pensei que tinha que ter gente de todos os gêneros, escolas e gerações, porque a música dele é muito abrangente. Fica claro quando você vê o Emicida, percebe que aquela canção pode ir a qualquer lugar. É um projeto muito amador, por amor mesmo, sem dinheiro envolvido. Fui em pessoas que sabia que curtiam o Erasmo, que é todo mundo”, conta Preto.
Além do rapper paulistano, que gravou “Convite pra nascer de novo”, outros músicos de gerações mais recentes que participam são Tim Bernardes (“Vou ficar nu pra chamar sua atenção”), Rubel (“Cavalgada”), Zé Ibarra (“O comilão”) e Teago Oliveira (“Gente aberta”), da banda baiana Maglore.
“Era o mínimo que eu podia fazer. Erasmo gravou uma música (“Não existe saudade no cosmos”) que foi retirada do último disco da Maglore por puro capricho. Parece que foi coisa do destino. Ele deu um novo sentido à canção”, afirma Teago. “Ele é um dos maiores músicos da história, um grande ídolo.”
‘O cara mais legal do meio musical’
Segundo Preto, a escolha de cada música era livre, só não valia repetir a canção.
“Pensei em tudo como se fosse um álbum. Cada vídeo seria uma faixa, e a página do Instagram, o disco”, explica o produtor, que foi o diretor artístico do último trabalho de inéditas de Erasmo, “Amor é isso” (2018). “O Caetano Veloso me disse uma vez que o Erasmo é o cara mais legal do meio musical. E é verdade, ele é uma doçura.”
Apesar da sua suposta fama de mau, Erasmo recebeu há anos a alcunha que dá nome ao projeto surpresa de aniversário. E a responsável por isso, umas das pioneiras do rock brasileiro, também participa.
“O apelido de Gigante Gentil, que depois virou música, foi dado pela Lucia Turnbull. E foi essa que ela cantou, é muito legal”, comemora Preto, que afirma que o formato escolhido é uma alternativa à live. “É outro modelo, uma coisa bem de memória afetiva. É como as peças de oito horas do Zé Celso, você sai, toma um vinho, depois volta. O Samuel Rosa (que tocou “Grilos”) me perguntou quando vamos pro estúdio registrar isso. Pode virar algo para os 80 anos, mas a realidade agora é outra.”
Dois brindes
“Há duas faixas bônus. Uma de erros de gravação da Anavitória (ao lado de Tó Brandileone, a dupla interpretou “Mais um na multidão), e outra com Di Ferrero, que fez “A carta”, mas essa não é do Erasmo”, comenta Preto, citando a composição de Raul Sampaio e Benil Santos.
Erasmo se diz surpreso por ver artistas mais novos tocando suas músicas: “É tanto tempo sem sair que esqueci que sou artista, me sinto só um cara recluso. Fiquei muito contente de ver gente que não conheço pessoalmente, como a Anavitória. Fico feliz desse pessoal saber quem sou eu”.
Mas há também versões de velhos conhecidos do Tremendão, como Nando Reis (“À janela”), Fernanda Takai (“Do fundo do meu coração”), Odair José (“Minha fama de mau”) e o casal Céu e Pupillo, que escolheu “Sábado morto”, com participação do filho Antonino.
“Já trabalhei com gente como Nando, o Emicida. Mas nem imaginava o Guilherme Arantes, que não vejo há muito tempo. Fiquei muito agradecido com todos que participaram.”