A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) divulgou, nesse sábado (18), um vídeo que funciona como um espécie de resposta ao seu colega de Casa, Nikolas Ferreira (PL-MG). Com uma roupa branca em um fundo cinza, Erika defende o presidente Lula (PT) e a medida já revogada da Receita Federal, que buscava ampliar a fiscalização em transações bancárias, incluindo o Pix. A atuação do deputado bolsonarista neste tema encabeçou a repercussão negativa, que culminou no recuo do governo federal.
A gravação da psolista segue os mesmos moldes do vídeo de Ferreira, com cerca de quatro minutos de duração e em um cenário neutro. Erika só se diferencia de Nikolas em seus argumentos. Enquanto o bolsonarista criticou a fiscalização, a psolista a defende.
“Lula nunca defendeu a taxação do Pix. Muito pelo contrário, quem sempre defendeu a taxação do Pix foi o ex-ministro da Economia de Bolsonaro, Paulo Guedes. Lula propôs algo que já existe. Hoje já se passa a receita federal a informação de movimentações a partir de R$ 2 mil, o governo queria era aumentar para R$ 5 mil na tentativa de constranger e coibir criminosos”, diz Erika Hilton.
Ao longo do vídeo, a psolista alfineta Ferreira sem citá-lo nominalmente. Ela afirma que a extrema-direita agiu com o intuito de deixar a população com medo e diz que a ação foi capitaneada por parlamentares favoráveis às “jornadas exaustivas de trabalho”, em referência ao posicionamento contrário do deputado em relação à Proposta da Emenda à Constituição (PEC) pelo fim da escala 6×1, de sua autoria.
O vídeo publicado no Instagram por Erika Hilton também utiliza uma música ambiente e a inserção de imagens enquanto fala, incluindo registros do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), dos filhos dele e do ex-ministro da Economia Paulo Guedes. A deputada, que possui cerca de 3 milhões de seguidores, postou o vídeo por volta das 14h do sábado. Até o fim da tarde, a publicação acumula 762 mil curtidas e 15 milhões de visualizações.
“Quem sempre defendeu a taxação do Pix foi o ex-ministro da Economia de Bolsonaro, Paulo Guedes. Ele sempre falou sobre taxar o Pix. O que o governo Lula propôs era algo que já existe, só que a partir dos R$ 5 mil. Hoje, já se passa na Receita Federal a informação de movimentações a partir de R$ 2 mil. É preciso não cair nessa onda de ataque e de mentira”, disse.
Anunciada pela Receita Federal, a nova regra consistia na ampliação da fiscalização: pessoas que movimentassem mais de R$ 5 mil teriam seus dados enviados. Esta conduta já valia antes para bancos tradicionais, mas seria expandida para os digitais, as chamadas fintechs.
Bolsonarista fura bolha
A gravação divulgada por Nikolas Ferreira ultrapassou a marca de 300 milhões de visualizações, tornando-se o principal conteúdo sobre o tema nas redes sociais. Nesse vídeo, o bolsonarista faz especulações sobre a possibilidade de taxação, lembrando de promessas não cumpridas pelo governo no passado. “Não, o Pix não será taxado. Mas é bom lembrar que a comprinha da China não seria taxada, foi. Não teria sigilo, mas teve. Você ia ser isento do Imposto de Renda, não será mais”, disse. “Qual o objetivo real dessas medidas? Arrecadar mais impostos, tirar dinheiro do seu bolso.”
Um dia após a publicação, o governo decidiu revogar a medida da Receita Federal diante da repercussão negativa e da disseminação de informações falsas e distorcidas sobre o tema – entre elas, a de que o meio de pagamento seria taxado. Na quinta-feira, 16, o presidente Lula assinou uma Medida Provisória (MP) que assegura a não tributação de transferências bancárias feitas por Pix. O ato foi publicado em edição extra do Diário Oficial da União (DOU).