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Colunistas Escolas cívico-militares

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(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

O governo Lula mandou bem ao terminar com o programa de escolas cívico-militares de Bolsonaro. Podia ter discutido melhor, como sempre exige o PT, mas o próprio programa havia sido instituído por decreto, sem audiência ou debate público.

O maior defeito do programa estava no duvidoso pressuposto de que militares são mais competentes, honestos e patriotas do que civis. Isso é uma bobagem monumental. Trata-se de um preconceito, em que só pessoas muito desatentas (para não dizer burras) pegam carona e espalham – um mote permanente, uma insistente falácia no governo anterior.

Era disseminado amplamente nos redutos bolsonaristas que a escola pública e civil era um antro de professores doutrinadores de esquerda, de drogados e desajustados, que só pensam em sexo, drogas e rock’n roll. Como era comum entre bolsonaristas, eles tomavam o que era exceção e residual como a regra dominante.

Que existem professores doutrinadores existem. Eles – os da esquerda e os da direita(que igualmente existem ) – têm o dever ético de se enquadrar na norma e no princípio de que a escola não é lugar de propagação ideológica. É conceito de natureza político-ideológica que os militares são mais disciplinadores e que os professores de escolas públicas civis são mais com concessivos, mais tendentes a permitir a desordem e a balbúrdia.

Aqui nem há discussão. Ninguém em sã consciência defende que a escola conviva com o desrespeito, o caos, a desordem. A escola, militar ou civil, os regulamentos, os métodos de ensino, impõem a obediência a certas condutas civilizadas, sem as quais nem o professor mais qualificado é capaz de transmitir o conhecimento e preparar o jovem para a vida e a cidadania.

O programa tinha buracos sem fim. Se era para melhorar o ensino, vamos convir, uniformes e valores militares não servem para coisa alguma. Numericamente, as 216 escolas que aderiram ao programa eram um grãozinho de areia entre as mais de 178 mil escolas públicas do Brasil. Era pura propaganda, puro “marketing” militar.

Nesse conjunto, trabalhavam mais ou menos 900 militares da reserva, que recebiam uma gratificação entre R$ 2,6 mil reais(sargentos) até R$ 9 mil(coronéis) por mês, nomeados sem concurso. Francamente, nesse particular parecia mais uma boquinha de agrado aos militares da reserva. Correspondiam aos cargos de confiança de livre nomeação, tão a gosto dos partidos políticos de todas as vertentes.

As escolas cívico-militares de Bolsonaro eram beneficiárias de verbas generosas, que vinham direto do orçamento das Forças armadas – verbas às quais as demais escolas públicas não tinham acesso. A ideia clara, quase confessada, era “demonstrar”, nos rankings de avaliação , que as escolas cívico-militares eram superiores, geravam um ensino de maior qualidade do que as civis.

As escolas públicas existem para formar cidadãos autônomos e produtivos, não soldados ou guerreiros. “São instituições de paz, civis, de administração civil e de orientação pedagógica civil” (jornal O Estado de São Paulo, em editorial).

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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