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Escolha de líder racha a bancada evangélica na Câmara dos Deputados. Um candidato se aproximou do governo, o outro é apoiado por bolsonaristas

A um mês do recesso legislativo, a Frente Parlamentar Evangélica enfrenta divergências sobre quem será o próximo líder da bancada. (Foto: Divulgação)

A um mês do recesso legislativo, a Frente Parlamentar Evangélica enfrenta divergências sobre quem será o próximo líder da bancada. Dois parlamentares se apresentaram para presidir o bloco e racharam o grupo, os deputados Otoni de Paula (MDB-RJ), que tem se aproximado do governo Lula, e Gilberto Nascimento (PSD-SP), alinhado ao bolsonarismo. Ambos são ligados à Assembleia de Deus.

A bancada evangélica escolhe um novo presidente a cada dois anos, em geral na primeira semana de fevereiro. Mas a expectativa é de antecipação, com a formalização do novo comando no Culto da Santa Ceia, marcado para 11 de dezembro.

Até hoje, a bancada nunca colocou a decisão em votação e se orgulha de escolher nomes de consenso. Em 2023, sem unanimidade, Otoni se retirou da corrida e um acordo de presidência alternada foi costurado entre Eli Borges (PL-TO) e Silas Câmara (Republicanos-AM).

Otoni diz que, desta vez, manterá seu nome até o final e que é contra uma nova alternância. Ele tem o apoio de nomes importantes da bancada, como o atual presidente, Silas Câmara, e Cezinha de Madureira (PSD-SP). Os dois são ligados à Assembleia de Deus e têm diálogo com o governo federal.

“Silas e eu definimos que será Otoni. Não tem racha algum, somos todos da mesma igreja (Assembleia de Deus de Madureira). Gilberto nunca quis (ser presidente)”, garante Cezinha.

A relação de Otoni com Lula é um ponto de incômodo para parte da bancada. No mês passado, o deputado representou a frente em reunião no Palácio do Planalto, na qual o presidente sancionou o Dia Nacional da Música Gospel. Na ocasião, Otoni se tornou alvo de críticas por fazer um discurso com afagos ao petista. Na eleição municipal do Rio, ele apoiou a reeleição de Eduardo Paes (PSD), aliado de Lula, irritando lideranças religiosas bolsonaristas.

Questionado se este passado recente pode atrapalhar sua candidatura, o emedebista minimiza e prega ser a hora da bancada deixar de lado a vinculação política. Na gestão de Jair Bolsonaro, Otoni foi vice-líder do governo na Câmara.

“A frente precisa manter seus posicionamentos, mas ela precisa dialogar com quem quer que esteja na Presidência da República. Não podemos, em nome de posicionamentos ideológicos, deixar de ter diálogo com o governo federal. Isso não significa alinhamento político”, defende Otoni.

Apesar do discurso de pacificação, a ala mais conservadora da bancada ainda guarda mágoas de Otoni e teme sua aproximação com o Planalto. Deputados bolsonaristas, Eli Borges e Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) trabalham nos bastidores pelo nome de Gilberto Nascimento.

Apoio de Malafaia

Em seu quarto mandato, Nascimento é tido como o “decano” da frente, por ter participado da criação do colegiado, em 2003. Delegado da Polícia Civil, é respeitado na bancada e tem a benção do pastor Silas Malafaia, fundador da Assembleia de Deus Vitória em Cristo.

“Não sou deputado para escolher, mas Gilberto Nascimento é um cara moderado. Não é a favor de inclinar para direita ou esquerda, mas defender os nossos princípios e costumes. Otoni quer fazer graça para o governo Lula”, disse Malafaia, uma das principais lideranças evangélicas.

Nos bastidores, os dois candidatos tiveram reuniões e verbalizaram a intenção de presidir a frente. Um terceiro nome chegou a ser ventilado, o do novato Pastor Diniz (União-RR), da Igreja Batista. O pouco tempo de Casa teria pesado contra Diniz. Ao ser procurado, o deputado disse estar “surpreso” por ter sido lembrado pelos colegas e não confirmou intenção de concorrer. As informações são do jornal O Globo.

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