Com registros de infestação em pelo menos nove cidades gaúchas, o escorpião-amarelo tem levado a Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul a redobrar as orientações sobre como proceder em caso de visualização ou mesmo contato com o animal. Trata-se de um animal venenoso e cuja picada pode ser fatal, sobretudo para crianças, idosos e indivíduos com comorbidades.
Um dos motivos de preocupação é a facilidade e rapidez com que a espécie (Tityus serrulatus) se reproduz, bem como sua preferência, em ambientes urbanos, por locais como encanamentos de esgoto, ralos, bueiros, entulho e frestas de paredes. Essa adaptabilidade amplia as chances de incidentes com humanos.
Um exemplar adulto tem cerca de 7 centímetros e sua biologia é peculiar: não existem machos da espécie – a fêmea vive em média quatro anos e se reproduz pelo processo chamado “partenogênese”, em média duas vezes por ano e com 20 filhotes por vez (160 durante a vida).
Na lista de cidades com alto índice de presença do escorpião-amarelo estão Porto Alegre, Alvorada, Esteio, Sapucaia do Sul, São Sebastião do Caí, Nova Bassano, Horizontina, Três de Maio e Marcelino Ramos. Além disso, nos últimos dez anos foram encontrados em quase 40 municípios – em 17 ocorreram casos com picada.
Indivíduos atacados pelo animal devem ser encaminhados a hospitais com disponibilidade de antídoto, fornecido pelo setor de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual da Saúde (SES). Há um plantão para esclarecimentos e notificação de casos, pelo telefone 0800-721-3000, registra acidentes pelas picadas dos peçonhentos e orienta o uso de soros.
Especialistas ressaltam que a espécie costuma atacar somente quando molestada, para se defender. É o que ocorre, por exemplo, quando alguém coloca a mão ou encosta no animal, intencionalmente ou sem querer. A picada é dolorosa e faz com que o veneno se disperse pelo corpo, podendo causar náusea, vômitos, salivação e taquicardia.
Prevenção e controle
Os escorpiões alimentam-se, principalmente, de baratas, procurando abrigos infestados por esses insetos. Para controle do escorpião-amarelo, são importantes as atividades de limpeza de terrenos baldios, quintais e jardins, com retirada de acúmulo de entulhos, folhas secas e lixo não acondicionando em sacos plásticos, que atraem o inseto.
Outra medida essencial é manter fossas sépticas vedadas, paredes externas e muros rebocados, sem vãos ou frestas – o mesmo vale para soleiras de portas e rodapés soltos. Nas áreas internas de domicílios, devem ser utilizadas telas em ralos, pias e tanques. Caixas de energia e telefonia também precisam estar bem fechadas.
Preservar os predadores naturais dos escorpiões também é uma forma de controlar a população do aracnídeo, especialmente aves de hábitos noturnos (como corujas e joão-bobo), pequenos macacos, quati, lagartos, sapos, gansos e gambás.
Não é recomendado o uso de inseticida: o produto químico exerce ação irritante que pode levar o escorpião a se espalhar pela área, dificultando assim sua captura. E o animal também possui capacidade de permanecer com seus estigmas pulmonares (aberturas que permitem a respiração) fechados por longo período.
A captura deve ser realizada por profissional habilitado. A busca ativa é uma medida de controle populacional realizada sempre em duplas e com o uso de equipamento de proteção individual: bota ou sapatos fechados, calça comprida, camisa de manga longa com pulso justo e luvas espessas de couro. Os animais recolhidos são enviados ao Centro de Informações Toxicológicas do Rio Grande do Sul (CIT-RS).
Cuidados gerais
– Manter os ambientes sem entulho ou lixo, bem como providenciar a correta separação e destinação de resíduos, pois as baratas são um dos alimentos preferenciais dos escorpiões.
– Limpar regularmente ralos, pátios e cozinhas.
– Fechar frestas em paredes, móveis e rodapés.
– Utilizar telas nas aberturas dos ralos.
– Manter camas e berços afastados da parede.
– Evitar que lençóis toquem o chão.
– Verificar o interior de calçados, toalhas e roupas antes de usá-los.
– Utilizar luvas grossas e sapatos fechados para manuseio de entulhos e atividades de limpeza em geral.
(Marcello Campos)