A conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) caminha para o encerramento nesta sexta-feira (13) com impasse sobre novos compromissos para reduzir o aquecimento global e falta de acordo sobre como funcionará o mercado de créditos de carbono.
Criticado por falta de propostas e por ajudar a travar as negociações, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, mantém a posição brasileira de cobrar dos países desenvolvidos pela conservação da floresta Amazônica.
Nesta sexta-feira, Salles respondeu a críticas de ambientalistas durante a COP 25. “O esforço do Brasil é para conseguir recursos justamente para aqueles que vivem na floresta e precisam ser remuneradas por sua conservação”, disse o ministro em nota.
Salles viajou à Espanha para cobrar que países poluidores paguem pela preservação da floresta, mas até esta sexta nenhum anúncio foi formalizado. Salles chegou a afirmar que houve definição sobre um novo Fundo Amazônia, informação que foi negada pela embaixada da Alemanha.
Por sua vez, a Colômbia apresentou redução no desmatamento e fechou acordo na COP 25 para receber US$ 360 milhões da Alemanha, Noruega e Reino Unido para preservação da Amazônia.
Crítica de ambientalistas
Nesta sexta-feira, a líder do Greenpeace, Jennifer Morgan, disse ter “dificuldades” em encarar a posição do Brasil com seriedade. Ela disse que o país trabalha “em favor do desmatamento” e levantou dúvidas sobre o compromisso do País com os direitos humanos.
“O Brasil parece ter vindo aqui atrás de dinheiro. Não é o que você faria se você estivesse preocupado com o futuro do planeta e do seu povo”, disse Morgan. Para ela, a situação do Brasil é “absolutamente crítica” para o planeta. Morgan ainda disse que a representação brasileira na COP está que está do lado das indústrias poluidoras e não da sociedade civil e das comunidades tradicionais.
Em um comunicado, Salles comentou que a visão da entidade “expressa os interesses protecionistas daqueles que a sustentam e que estão aqui barrando as negociações.” O ministro também criticou “brasileiros que vão ao exterior para falar mal do Brasil”.
Retomar o Fundo Amazônia
Na quinta-feira (12), Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima, e André Guimarães, diretor do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), disseram que faltam propostas e compromissos para frear o desmatamento no Amazônia, e que o Brasil busca recursos que não estão disponíveis enquanto o Fundo Amazônia está travado por tentativas de mudanças promovidas pela gestão Bolsonaro.