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Espaço Cultural no Centro de Porto Alegre tem visita mediada a exposição de arte

Beatriz Dagnese falará de seu trabalho e trajetória. (Foto: Gilberto Perin/Divulgação)

Localizado no Centro Histórico de Porto Alegre, o Espaço Cultural do Hotel Praça da Matriz (HPM) hospeda nesta quarta-feira (9) uma visita mediada à mostra de desenhos “Tramas, Rendas e Bilros”, com presença da artista plástica gaúcha Beatriz Dagnese. São 20 trabalhos – conhecidos ou inéditos – em exposição até o próximo domingo (13) e que ressaltam a marca particular da autora: o uso de nanquim e grafite sobre papel na criação de imagens que transitam entre o figurativo e o abstrato.

A atividade tem entrada franca e aberta ao público em geral, porém com vagas limitadas, mediante inscrição. Contatos pelo telefone/whatsapp (51) 9859-55690. Endereço: Largo João Amorim de Albuquerque nº 72 (próximo ao Theatro São Pedro).

Nascida e criada em uma família de agricultores de ascendência italiana na zona rural de Nova Bassano (Serra Gaúcha), Beatriz Dagnese iniciou sua trajetória nas artes plásticas de modo intuitivo, aos 24 anos, ao ter sua atenção despertada por ilustrações publicadas na imprensa de Porto Alegre, para onde havia migrado na juventude, por conta do trabalho como enfermeira. Ela relembra hoje, aos 70 anos:

“Desde a adolescência eu tinha muito claro que não queria para mim a vida agrícola, e sim estudar e trabalhar em outra área. Sempre me interessei por arte e queria fazer algo na área, mesmo sem saber exatamente o quê e imaginando que não tinha como sobreviver da atividade na época, até deparar com desenhos de Vera Lúcia Didonet nas páginas de um dos jornais deixados pelos médicos em uma sala de hospital onde eu cumpria experiente, em 1978”.

A descoberta impactou Beatriz de tal forma que ela imediatamente passou a rabiscar a lápis uma série de esboços sobre folhas de receituários. “Eu achava que desenhava”, brinca. “Não parei mais. Fui experimentando outros materiais, técnicas e imagens que acabaram definindo um estilo, ao mesmo tempo em que continuava no setor da saúde. Já dividindo meu tempo entre Porto Alegre e Canela, montei um ateliê em minha casa no Interior.”

O encorajamento constante pelos amigos a levou a socializar pela primeira vez a sua obra, inscrevendo-se na edição 2008 do Salão do Jovem Artista, promovido pela Secretaria Estadual da Cultura. Resultado: o primeiro lugar na região da Serra Gaúcha. Dali em diante, Beatriz teria o seu trabalho reconhecido em outros certames, como o Salão da Câmara de Vereadores de Porto Alegre (Menção Honrosa) e Bienal do Mercosul de 2015, sendo saudada pelo curador Gaudêncio Fidélis: “Por onde tu andavas todo esse tempo?”.

Aposentada da enfermagem e hoje totalmente dedicada ao trabalho com desenho, seu trabalho tem sido compartilhado em mostras individuais e coletivas dentro e fora do Rio Grande do Sul. A artista faz um balanço de seu ingresso e projeção na atividade: “Entrei na hora certa, com cinquenta e poucos anos, sem jamais me sentir incomodada por ter começado na arte em um momento que muitos podem considerar tardio”, avalia. “Para mim, criar é fazer o que os outros não fizeram.”

(Marcello Campos)

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