Domingo, 17 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 27 de fevereiro de 2024
Idosos, grávidas, lactantes, alérgicos a determinadas vacinas, imunossuprimidos e menores de 4 anos compõem os grupos que não podem tomar a vacina contra a dengue, segundo infectologistas. Após o aumento de casos no País, muitas dúvidas surgiram com relação a quem poderá se beneficiar da vacina. Por isso, especialistas indicaram quais cuidados essas pessoas precisam ter em meio ao cenário de epidemia que o estado enfrenta. Veja, a seguir, o que se atentar.
De acordo com especialistas do Complexo Hospitalar de Niterói (CHN), as duas vacinas contra a dengue disponíveis no Brasil são feitas com vírus vivos atenuados, que circulam no sangue por algumas semanas depois de sua aplicação. Por isso, não são recomendadas para gestantes, lactantes e pessoas com imunidade comprometida.
A infectologista Marcia Garnica, da Unidade de Transplantes do CHN, alerta que, mesmo quem tenha usado medicamentos imunossupressores por poucas semanas, ainda precisa adiar a vacinação até se comprovar que a função imunológica esteja restaurada. Para pessoas acima de 60 e crianças menores de quatro anos, o imunizante ainda não é recomendado pela falta de estudos que comprovem sua segurança e eficácia nessa faixa etária.
Sobre os alérgicos, essa preocupação se aplica apenas a quem é tem alergia a vacinas em geral ou teve reação alérgica depois da primeira dose, como vermelhidão, coceira ou inchaço. Nesse caso, a segunda dose não deve ser administrada.
“Para nenhum caso de dengue há tratamento específico de combate ao vírus”, ressalta a infectologista Nathália Velasco, também do CHN.
“São recomendados, principalmente, repouso e hidratação. Sintomas como febre, dor de cabeça, dor abdominal contínua, vômitos persistentes, desmaios e sinais de hemorragia (manchas roxas no corpo e sangramento na boca ou nas mucosas) são alertas para procurar um serviço de emergência. Esses sinais podem surgir quando a febre diminui ou desaparece, o que pode causar uma falsa sensação de melhora. A automedicação em casa é desaconselhada e pode ser grave: os analgésicos que contenham ácido acetilsalicílico (AAS) podem aumentar o risco de hemorragias”, completa.
A médica explica que os idosos costumam precisar de mais assistência quando há doenças preexistentes como condições crônicas, renais ou insuficiência cardíaca. Portanto, em casos suspeitos, é fundamental comunicar ao serviço de saúde as condições preexistentes e listar todos os medicamentos em uso.
Os possíveis riscos para gestantes, principalmente no início e no final da gestação, são relacionados à queda do número de plaquetas, o que pode elevar a chance de aborto no primeiro trimestre de gravidez e de hemorragia pós-parto no terceiro trimestre. Portanto, na presença de qualquer sinal de sangramento, é necessário procurar atendimento médico de emergência e informar o quadro ao obstetra.
Com relação aos bebês e às crianças menores de 4 anos, o principal desafio é identificar a doença, especialmente na fase inicial. A infectologista pediátrica, Fernanda Queiroz, explica que os primeiros sinais são semelhantes aos de outras viroses comuns nessa faixa etária: “É essencial estar atento a sintomas inespecíficos, como prostração, sonolência e recusa alimentar. Nos menores de dois anos, especialmente nos abaixo de seis meses, dores de cabeça, nos músculos ou nas articulações são indícios que podem se manifestar por meio de choro persistente, irritabilidade e adinamia (fraqueza com indisposição geral).”
Pessoas com baixa imunidade são as que correm maior risco de complicações graves diante de qualquer infecção. “Em situações de epidemia de dengue, se uma pessoa previamente saudável procura um serviço de saúde por causa de febre e vermelhidão pelo corpo, ela será imediatamente atendida como suspeita da doença. Porém, na presença do mesmo quadro em um transplantado, por exemplo, deverão ser feitos exames específicos para todas as outras doenças possíveis, considerando a chance de infecções simultâneas e agravamento muito rápido do quadro”, afirma Marcia Garnica, infectologista da Unidade de Transplantes do CHN.
Como se prevenir
Para todos os grupos, é preciso adotar medidas preventivas rigorosas. Além do combate ao Aedes aegypti por meio da eliminação do acúmulo de água parada, os repelentes tópicos são essenciais.
Os repelentes que contêm Icaridina são os mais recomendados pelas especialistas. Podem durar de cinco a doze horas e estão liberados para uso a partir de três meses de vida, dependendo da concentração indicada no rótulo. Apesar da falta de estudos específicos, todos esses repelentes são considerados seguros para gestantes, desde que devidamente registrados pela Anvisa e utilizados de acordo com as instruções do produto.
Pessoas com problemas de pele, alergias ou crianças menores de três meses de vida podem recorrer às barreiras físicas, como roupas que cubram a maior parte do corpo, com aplicação de repelente sobre elas, se possível. Também é indicado colocar telas em janelas e portas, mosquiteiro em camas e berços e climatizar os ambientes com ventilador ou ar-condicionado. As informações são do jornal O Dia.