Imagine Lady Gaga com um look colegial, de suspensórios, óculos de grau e os cabelos repartidos ao meio. Foi assim que a popstar apresentou o Global Citzen One World Together at Home, festival de lives realizado no sábado (18) que criou e já arrecadou mais de 18 milhões de dólares para o combate da Covid-19.
Jennifer Hudson foi a primeira cantora a se apresentar na segunda parte do festival. Cantando Alleluia, com vários outros músicos, cada um em sua casa, sem grandes produções, usou uma jaqueta de couro rosa, sobre um cardigã da mesma cor. O cenário, com jeitinho de estúdio caseiro, mostrava apenas uma parede roxa, com instrumentos pendurados. Em seguida, veio a própria Lady Gaga, em outra produção, na sala de sua casa. Sobre o piano branco da artista, grandes velas no mesmo tom simbolizavam a paz que o mundo busca nesse momento.
Para a consultora de moda Costanza Pascolato, Gaga cantou “Smile” de Charlie Chaplin cuidadosamente “comportada”. “Em seu segundo look, optou por um top elástico curto e alças presas na cintura da calça de listras finas verticais. O preto e branco deram sobriedade à roupa, e o make foi cuidadoso, sem exageros, com cabelos presos — raiz bem grande, escura”, diz Costanza. “Esforçou-se para não parecer exibida e fez bem”.
O cenógrafo, arquiteto e diretor artístico Gringo Cardia concorda. “Ela veio bem cool, com uma casa no melhor estilo ‘pessoa humana’. E mostrou um canto bonito da residência, bem iluminado, sem presepada”, analisa. “Paul McCartney (que se apresentou depois de Stevie Wonder) fez um show mal filmado de propósito para parecer comum. O momento não é de ostentar, mas de criar empatia”, completa. O ex-Beatle estava de colete preto sobre camisa branca no que parecia ser o estúdio de uma casa de campo. “Achei chique a camisa button-down e bem sacado o colete. Calças de corte impecável e jeitão casual, mostraram Paul confortável consigo mesmo”, diz Costanza.
Embora o preto remeta ao luto, consultora de estilo Manu Carvalho, acredita que a cor tenha sido usada por muitos artistas por outro motivo. “É um tom discreto, sem brilho, modesto. Fala menos do luto e mais da estética espartana, que não chama atenção e tem tudo a ver com o momento”, acredita.
Quinto astro da noite a se apresentar no festival de lives organizado por Lady Gaga, Elton John optou por um caminho mais, digamos, Elton John. Do quintal de sua mansão, cantou e tocou “I’m Still Standing” em um piano de cauda, a bordo de um terno estampado com fundo azul marinho, sobre camiseta pink. “Ele estava do mesmo jeito de sempre, com terno pop meio fora de contexto. Todos os artistas estão fazendo esforço para parecer o mais casual possível! Mas imagino que para ele seja difícil”. Gringo Cardia concorda, mas acha que o efeito acabou ficando cool. “O quintal deve ser o local menos ostensivo da mansão de Elton John e tem uma luz legal. Acho que todos os artistas se preocuparam em mostrar que são seres humanos solidários”, diz.
Na visão de Costanza, “Chris Martin estava vestido como sempre, com aqueles gorros de tricô e maxipulôver, que é um esnobismo de músicos de origem anglo saxônica”. Já Beyoncé, optou por um blazer de ombrão e quepe marinheiro de gala, com peruca vermelha e make impecável.
Jennifer Lopez, recentemente criticada nas redes sociais por postar um vídeo de seu isolamento com o noivo, o jogador de beisebol Alex Rodrigues, tomando uma água Perrier em seu jardim cinematográfico, escolheu make e look discretos. Mas caprichou no cenário, uma árvore toda iluminada, com status de produção de megashow. “Achei meio cafona, mas foi honesto. Luzinhas de natal todo mundo tem em casa”, diz Gringo Cardia. Luzinhas, sim. Já as árvores…