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Rio Grande do Sul Especialistas do Rio Grande do Sul debatem vigilância, assistência e diagnóstico da leptospirose durante as enchentes

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Experiência do Rio Grande do Sul no enfrentamento à doença durante emergências climáticas deste ano foi o ponto de partida para o debate

Foto: Gustavo Mansur/Palácio Piratini
Experiência do Rio Grande do Sul no enfrentamento à doença durante emergências climáticas deste ano foi o ponto de partida para o debate

As ações e orientações da SES (Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul) no enfrentamento à leptospirose durante emergências climáticas foram abordadas por especialistas e gestores de saúde das esferas federal, estadual e municipal, no Cevs (Centro Estadual de Vigilância em Saúde), na última semana.

Esse foi o primeiro de uma série de encontros que deverão ser realizados com o objetivo de preparar os serviços de saúde de todo o país diante de futuras inundações e alagamentos que possam ocorrer no país.

As datas para os próximos encontros serão definidas pelo Ministério da Saúde, promotor da iniciativa. “Esse processo de discussões tem a finalidade de formular um consenso nacional entre os órgãos públicos e a sociedade científica, para que possamos estar preparados para novas situações, com mais conhecimento, mais experiência e mais organização”, afirmou a diretora do Cevs, Tani Ranieri.

“Quando tivermos acumulado todo o conhecimento, toda a experiência que Rio Grande do Sul e o município de Porto Alegre tiveram nas áreas da vigilância, assistência e diagnóstico da leptospirose, poderemos traçar um conjunto de ações que passarão a nortear as recomendações para a leptospirose, tanto em nível federal ou estadual quanto municipal”, frisou a diretora do Departamento de Doenças Transmissíveis, da Secretaria de Vigilância, Saúde e Ambiente, do Ministério da Saúde, Alda Maria da Cruz. Ela também pontuou que a participação das sociedades científicas, tanto as sociedades de nefrologia quanto a de infectologia, também fortaleceram muito a discussão.

Impacto epidemiológico

Conforme a chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica do Cevs, Roberta Lenhardt Vanacor, “as mudanças climáticas impactaram significativamente os casos de leptospirose no Estado, especialmente durante eventos extremos de chuvas e enchentes”.

Roberta informou que em setembro de 2023, a calamidade provocada pelas enchentes na época levou a um aumento expressivo no número de notificações de casos suspeitos (2.206 em 2023, comparados aos 1.130 de 2022) e de casos confirmados (480 em 2023 contra 293 em 2022). Somente em setembro de 2023 foram notificados 468 casos, dos quais 86 foram confirmados, frente a 53 casos notificados e 10 casos confirmados em 2022 no mesmo período.

Em maio deste ano, a situação ficou mais grave. Segundo Roberta Vanacor “as chuvas intensas resultaram em um recorde de notificações, com 3.753 casos suspeitos apenas em um mês, enquanto o total anual chegou a 7.867, mais que o triplo do ano anterior.

Os casos confirmados também subiram drasticamente, atingindo 1.256 em 2024, sendo 870 casos confirmados somente entre os meses de maio e junho, evidenciando como esses períodos de calamidade agravam a disseminação da doença, associada às condições insalubres geradas por enchentes”.

Transmissão e sintomas

A leptospirose é uma doença infecciosa febril aguda e transmitida a partir da exposição direta ou indireta à urina de animais (principalmente ratos) infectados, que pode vir a estar presente na água ou lama em locais com enchente. O contágio pode ocorrer a partir da pele com água contaminada, além de também por meio de mucosas.

Os principais sintomas da leptospirose são: febre, dor de cabeça, fraqueza, dores no corpo (em especial, na panturrilha) e calafrios. Eles surgem normalmente de cinco a 14 dias após a contaminação, podendo chegar a 30 dias. Mediante os sintomas, a orientação é procurar um serviço de saúde imediatamente e relatar se teve contato com alagamentos.

Tratamento

Ao suspeitar da doença, a recomendação é procurar um serviço de saúde e relatar o contato com exposição de risco. O uso do antibiótico, conforme orientação médica, está indicado em qualquer período da doença, mas sua eficácia costuma ser maior na primeira semana do início dos sintomas.

Limpeza e Desinfecção

As enchentes podem trazer diversos riscos à saúde, especialmente pela contaminação das águas com esgoto, resíduos químicos e bactérias como a Leptospira, causadora da leptospirose. Para proteger sua saúde e de sua família, é fundamental realizar a limpeza e desinfecção correta dos ambientes atingidos.

São itens de proteção o uso de luvas, botas de borracha e, se possível, máscaras durante a limpeza. O contato direto com água contaminada deve ser evitado ao máximo. Também podem ser focos de contaminação, devendo por isso serem removidos, a lama, lixo e qualquer objeto que não possa ser limpo ou recuperado.

Pisos, paredes e superfícies devem ser limpas e lavadas com água limpa e sabão. Essa etapa remove a sujeira grossa e facilita a desinfecção posterior. A limpeza é essencial para evitar doenças como leptospirose, diarreias e outras infecções causadas pela contaminação.

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