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Porto Alegre “Esqueletão” do Centro Histórico de Porto Alegre será demolido por sistema que combina duas técnicas diferentes

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Projeto contratado apresenta as possibilidades de ação, o custo, a proposta de cronograma e o laudo de vistoria de vizinhança.

Foto: Pedro Piegas/PMPA
. (Foto: Pedro Piegas/PMPA)

Popularmente conhecida como “Esqueletão”, a estrutura de 19 andares localizada na rua Marechal Floriano quase esquina com a Otávio Rocha, no Centro Histórico de Porto Alegre, será extinto por meio de um sistema alternado de demolição e implosão, durante quatro meses. Os detalhes foram divulgados nesta quarta-feira (2) pela prefeitura.

O custo estimado é de R$ 3,9 milhões. Não foi detalhado, porém, quando o trabalho será iniciado. Conforme a administração municipal, o modelo escolhido deve agilizar o processo sem comprometer a segurança de quem circula pela região. A implosão total foi descartada, uma vez que o Esqueletão se encontra em meio a outros prédios.

A demolição convencional será utilizada em nove andares, por meio de dois processos: manual e mecânico. Os trabalhos de demolição manual ocorrem com o uso de ferramentas como marteletes, talhadeiras e ponteiros.

Já os serviços mecânicos terão máquinas e equipamentos pesados para derrubar ou remover estruturas de diferentes tipos, como vigas, paredes, coberturas e estruturas metálicas ou de madeira.

Após essa etapa, os andares remanescentes serão implodidos, em uma técnica que consiste em provocar o colapso de uma estrutura por meio de explosivos colocados em pontos estratégicos.

O engenheiro Marcus Vinícius Caberlon, responsável na prefeitura pela avaliação do projeto de demolição, assegurou que o material a ser aplicado leva em conta as características da edificação: “Será contemplado o que é necessário para demolir o prédio com segurança e com prazo de execução adequado às nossas expectativas”.

A operação também exigirá gerenciamento dos resíduos resultantes da demolição. Isso inclui o planejamento da obra, controle do consumo, segregação dos resíduos, transporte, armazenagem, tratamento e disposição final.

“O gerenciamento apresenta benefícios econômicos e operacionais, como a redução de custos, otimização do espaço, valorização da imagem e cumprimento da legislação vigente”, ressalta o Executivo municipal.

Histórico

Com área total superior a 13 mil metros-quadrados distribuídos em 19 pavimentos, o prédio começou a ser construído na década de 1950 pela Sociedade Brasileira de Construção. Mas nunca foi concluído.

O térreo funcionou até 2021 como galeria de lojas (ocupadas por proprietários e inquilinos), enquanto os três andares seguintes chegaram a ser ocupados por moradias precárias e os demais pavimentos eventualmente serviram a atividades diversas – incluindo um curso de artes marciais no final dos anos 1980.

Autoridades tentam solucionar o caso desde 1988, por meio de ações administrativas de fiscalização e interdição parcial ou total. Em 2003 ingressou com ação civil pública para desocupação da galeria e dois anos depois cumpriu determinação judicial de desocupação dos espaços desocupados. Já em 2012 foi a vez de o Ministério Público ingressar com ação civil contra os donos e a própria prefeitura.

Uma avaliação técnica do Executivo municipal atestou, em 2018, o grau de risco crítico do imóvel. No ano seguinte, solicitou à 10ª Vara da Fazenda Pública a interdição e desocupação total até que um laudo definitivo atestasse a segurança do ponto-de-vista da estabilidade.

Em dezembro de 2019, a Justiça determinou a interdição e desocupação total do prédio. A partir de então, iniciou-se a implementação de um plano de ação para a desocupação, que estava prevista para abril de 2020. As ações foram interrompidas em virtude das restrições da pandemia do novo coronavírus.

O Município apresentou novo pedido, em outubro de 2020, para expedição de mandado de desocupação (já deferido em março 2020), bem como a intimação dos proprietários e locatários de unidades comerciais ou residenciais para que informassem seus inquilinos sobre os riscos existentes e providenciassem a desocupação.

Em dezembro de 2020, foi editado o Decreto nº 20.395/2020, que declara o imóvel de utilidade pública para fins de desapropriação. Já em julho seguinte, a prefeitura contratou o Laboratório de Ensaios e Modelos Estruturais (Leme) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) para elaboração de novo laudo técnico.

A Justiça notificou moradores e comerciantes, em agosto de 2021, sobre a ordem de desocupação total do “Esqueletão” em um prazo de 30 dias, processo que seria finalizado em 26 de setembro do mesmo ano. Em agosto de 2022, a prefeitura pediu autorização do Judiciário para demolir o edifício, com base no relatório produzido pela equipe da UFRGS.

(Marcello Campos)

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