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“Esses vídeos curtos não fazem muito bem para as crianças”, diz um dos mais populares produtores de conteúdo infantil do País

Luccas Neto tem 39 milhões de inscritos em seu canal de YouTube e 10 milhões de seguidores no TikTok. (Foto: Divulgação)

Com 39 milhões de inscritos em seu canal de YouTube, 5 milhões de seguidores no Instagram e 10 milhões no TikTok, Luccas Neto entra em um novo território no dia 6 de julho. Um dos mais populares produtores de conteúdo infantil do País, o carioca estreia no cinema com Os Aventureiros – A Origem. A empreitada é, para ele, uma realização e também uma forma de combater os vídeos curtos que viraram febre entre os pequenos. “Os pais não conseguem controlar o que as crianças assistem, porque são vídeos de 15 segundos. Em um filme longo conseguimos passar valores”, diz. Segundo ele, “esses vídeos curtos não fazem muito bem para as crianças”. Leia abaixo alguns trechos da entrevista que Neto concedeu ao jornal O Estado de S. Paulo.

– Você estreia agora no cinema. Algum dia pensou que teria essa experiência? “Quando eu comecei a fazer os episódios, filmes e séries, vi que existia uma lacuna muito grande no cinema depois dos sucessos da Xuxa e do Didi. Minha mãe sempre esperava as férias dela, por exemplo, porque teria algum filme da Xuxa e do Didi.

– De onde vem a sua inspiração para criar conteúdo para crianças? “Hoje é um trabalho, não tenho que estar inspirado para criar, eu tenho que fazer e pronto. A criatividade tem que aparecer porque preciso manter a minha empresa, a minha família. Mas, no começo, o que eu queria fazer eram coisas como os filmes da Disney, que me inspiravam muito, os da Warner também, e os de magia do Didi e da Xuxa.

– Como surgem as histórias? “Nada especificamente me inspira para criar as histórias, elas simplesmente surgem. Sento no meu computador e faço as histórias com os diálogos e tudo passa pela aprovação da nossa equipe de especialistas infantis, que são pedagogos, psicólogos infantis. Eu crio, mas eles dão uma supervisionada.

– Algo mudou para você nesse processo depois do nascimento dos seus filhos? “Eu já tinha a percepção que conseguiria ajudar as mães e os pais na educação das crianças contratando uma equipe especializada em educação infantil e colocando isso nas histórias. O que o meu filho consome hoje eu já fazia sabendo que todas as crianças poderiam consumir. O que mudou é chegar em casa e ele querer que eu volte a ser aventureiro, aí eu nunca consigo largar o personagem (risos).

– Qual a maior dificuldade de fazer conteúdo para o público infantil? “Tudo passa pela equipe, então se tiver alguma coisa que não vai agregar na vida da criança ou que vá prejudicar de alguma forma, a equipe resolve. Não vejo mais tanta dificuldade na criação, vejo mais dificuldade em divulgar, em fazer a empresa girar. Se for para falar de um ponto que seja muito difícil, além da divulgação, seria a luta para tentar tirar um pouco desses vídeos curtos como Tik Tok, shorts e reels da vida das crianças. Esses vídeos curtos não fazem muito bem para as crianças.

– O que é mais prejudicial nisso? “As mães e os pais não conseguem controlar o que as crianças assistem, porque são vídeos de 15 segundos. Imagina, eu fazia e ainda faço histórias de 10, 15 minutos, então a mãe consegue acompanhar e eu sempre fui muito cobrado em relação a isso. Eu sou pai, então posso falar com propriedade porque sei como é. Meu filho Luck não assiste a vídeos curtos. Daqui a pouco ele tá assistindo coisas lá de outro país e coisas que não têm nada a ver porque o algoritmo joga pra ele.

– Você restringe o uso que seu filho mais velho faz do Ipad, do celular? “Não consigo tirar o Ipad nem o celular dele, ele assiste na hora que ele tem que assistir. Ele gosta de assistir as coisas, como eu gostava e como toda criança gosta, mas o que mais me preocupa é o que ele está assistindo ali, sabe? Por isso eu acabo me motivando a fazer coisas longas. Em um filme conseguimos passar valores, lições.As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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