Quarta-feira, 04 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 5 de agosto de 2024
O presidente Nicolás Maduro cancelou voos para alguns países que questionaram sua autoproclamada vitória eleitoral, incluindo dois que em tempos mais normais são grandes destinos para viajantes que entram e saem da Venezuela: o Panamá, base da Copa Airlines, e a República Dominicana. Voos para o Peru também foram cancelados.
A opção de voo regional diário para fora do país que sobrou é para Bogotá, mas os preços dispararam. Um voo de Caracas para a capital colombiana daqui a duas semanas, que leva cerca de duas horas, costumava custar menos de US$ 200, mas custava mais de US$ 800 na sexta-feira.
A falta de opções deixou muitos venezuelanos que vivem no exterior, mas retornaram para votar na eleição de 28 de julho, sem ter como sair. Muitos tinham a esperança de poder inaugurar uma mudança na liderança do país que permitiria que retornassem permanentemente. Agora, alguns dizem que estão desesperados para sair e com medo de ficarem presos.
Eugenia, de 27 anos, viajou para Caracas do Panamá, onde mora com o marido e o filho de três meses, para votar e aproveitar a oportunidade de estar com a família para batizar o bebê. Mas agora eles não têm voo de volta. O batismo também foi cancelado, depois que irromperam protestos e os agentes de segurança de Maduro reprimiram os dissidentes.
Eugenia, que pediu para omitir seu sobrenome para evitar represálias do governo, sabia que deixar a Venezuela não seria fácil assim que os protestos começaram no dia seguinte à eleição e os manifestantes bloquearam a principal rodovia que leva ao aeroporto da capital.
Ela disse que retornar ao Panamá via Colômbia agora custará até US$ 1.500 por passagem, em comparação com os US$ 330 por cada passagem de ida e volta.
“Não sabemos o que vai acontecer”, disse ela. “Tememos escassez de alimentos e há rumores de que pode haver um novo apagão nacional” semelhante à queda de energia em 2019 que provocou o cancelamento de voos em meio à turbulência política.
Protestos
Mais de 1.200 manifestantes já foram presos depois da eleição e a líder da oposição María Corina Machado se escondeu, enquanto convoca manifestações por toda a Venezuela no sábado para defender a vitória eleitoral que seu partido reivindica e que os EUA reconheceu.
Na quarta-feira, a Latam Airlines teve que amontoar o máximo de passageiros possíveis em voos para Bogotá. Embora a Colômbia ainda não tenha sido riscada da lista, seu presidente Gustavo Petro expressou preocupações sobre a declaração de vitória de Maduro, pedindo às autoridades venezuelanas que permitam uma contagem de votos verificável, com supervisão internacional.
Pelo menos 50% dos 187 voos internacionais semanais da Venezuela foram cancelados após a decisão de Maduro de interromper voos para o Panamá, República Dominicana e Peru, de acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto.
A decisão de Maduro afetará cerca de 10 mil passageiros por semana, disse Dora Rios, presidente da associação venezuelana de representantes do turismo. Ela disse que a República Dominicana e o Panamá são geralmente usados como pontes para se conectar com o resto do mundo.
Além de Bogotá, as opções de voos regionais dos venezuelanos diminuíram para voos não diários para o México e algumas ilhas do Caribe. Opções mais distantes e caras são Espanha e Turquia. Essas rotas dificilmente absorveriam totalmente o eventual desvio de passageiros se a rota de Bogotá também for fechada.