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Governo americano adia visita de secretário de Estado à China após descoberta de suposto balão de espionagem

O secretário de Estado Antony Blinken viajaria à capital da China entre domingo e a próxima segunda-feira. (Foto: Reprodução/Twitter)

A presença de um suposto balão de espionagem chinês que sobrevoa há pelo menos três dias o território dos EUA fez com que o governo americano adiasse a visita do chefe da diplomacia americana, o secretário de Estado Antony Blinken, à capital da China, que aconteceria entre domingo e a próxima segunda-feira. Nesta sexta-feira (3), a China minimizou o incidente e lamentou a “entrada acidental” de um balão não tripulado no espaço aéreo americano. Blinken, por outro lado, chamou o ocorrido de um “ato irresponsável”.

Desde quarta-feira, o Pentágono vem monitorando ao menos um suposto “balão de coleta de informações” chinês e enviou caças F-22 para rastrear o objeto, fazendo com que os voos fossem temporariamente suspensos no aeroporto de Billings, em Montana. A pedido do presidente Joe Biden, o Departamento de Defesa chegou a considerar abater o balão, mas voltou atrás devido aos riscos potenciais para as pessoas no solo.

A China, que já enviou balões de vigilância sobre os Estados Unidos em outras ocasiões, tentou diminuir as tensões com Washington nesta sexta-feira. Depois de inicialmente dizer que precisava verificar as alegações sobre o balão, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores responsabilizou os ventos do oeste e a falta de controle do objeto pelo “sério desvio” para os EUA.

“[Ele é um] dirigível civil usado para fins científicos, principalmente meteorológicos, que havia desviado muito de seu curso planejado. O lado chinês lamenta a entrada acidental do dirigível no espaço aéreo dos EUA devido à força maior”, disse o porta-voz chinês em comunicado.

Mais cedo, o governo canadense informou que investigava um “potencial segundo incidente”.

“Os canadenses estão a salvo, e o Canadá está adotando medidas para garantir a segurança de seu espaço aéreo, inclusive com a vigilância de um potencial segundo incidente”, informou o Ministério da Defesa canadense em um comunicado, sem citar a China. “As agências canadenses de Inteligência trabalham com os aliados americanos e adotam todas as medidas necessárias para proteger as informações sensíveis do Canadá de ameaças externas.”

O artefato foi visto sobrevoando a mais de 12 mil metros Montana, estado no Noroeste dos Estados Unidos que abriga a 341ª Ala de Mísseis da Força Aérea e seus mísseis balísticos intercontinentais Minuteman III (com capacidade nuclear) em silos subterrâneos, mas o Pentágono não acredita que o dispositivo represente alguma ameaça, porque “tem valor limitado, do ponto de vista da coleta de dados”.

Na quarta, quando o balão foi descoberto, o secretário de Defesa, Lloyd Austin III, chegou a convocar uma reunião de altos funcionários militares e de Defesa para discutir como lidar com a situação.

“Claramente, a intenção desse balão é a vigilância, e a atual rota de voo o leva a vários locais sensíveis”, relatou um alto funcionário, que preferiu não se identificar. “Estamos tomando medidas para nos proteger da coleta de informações confidenciais pela inteligência estrangeira.”

A China tem vários satélites que orbitam a cerca de 480 km acima da Terra. Como os satélites espiões americanos, os chineses podem tirar fotos e monitorar lançamentos de armas, de acordo com autoridades. Ambos os países têm um histórico de espionagem – autoridades americanas que visitam a China em missões diplomáticas sabem haver o risco de suas conversas serem monitoradas.

Nesta sexta, o balão voava “a uma altitude bem acima do tráfego aéreo comercial” e, de acordo com um comunicado do porta-voz do Pentágono, Pat Ryder, “não representa ameaça militar ou física para as pessoas no solo”. Mesmo assim, políticos americanos foram rápidos em pedir que o governo Biden combatesse com força qualquer ameaça.

“O descarado desrespeito da China pela soberania dos EUA é uma ação desestabilizadora que deve ser abordada, e o presidente Biden não pode ficar calado”, disse o presidente da Câmara dos EUA, o republicano Kevin McCarthy, em um post no Twitter.

Em uma declaração conjunta, os congressistas Mike Gallagher, republicano de Wisconsin, e Raja Krishnamoorthi, democrata de Illinois, disseram: “O Partido Comunista Chinês não deveria ter acesso sob demanda ao espaço aéreo americano.” Os dois acrescentaram que o incidente mostrou que a ameaça da China “não está confinada a costas distantes – está aqui em casa e devemos agir para combater essa ameaça”.

A relação entre as duas potências atualmente é tensa, sobretudo no que diz respeito a Taiwan, que o governo chinês considera parte de seu território e cujo controle pretende um dia retomar, se necessário pela força.

Na quinta-feira, o Departamento de Defesa americano anunciou que os militares dos EUA estavam expandindo sua presença nas Filipinas como parte do que analistas militares disseram ser um esforço para restringir as Forças Armadas da China e reforçar a capacidade dos Estados Unidos de defender Taiwan. As informações são das agências de notícias AFP e Bloomberg e do jornal The New York Times.

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