Quinta-feira, 06 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 6 de fevereiro de 2025
O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Marco Rubio, considerou nessa quinta-feira (6) um “absurdo” que navios da marinha norte-americana precisem pagar para cruzar o Canal do Panamá, após o presidente panamenho, José Raúl Mulino, negar um acordo para o trânsito livre destas embarcações.
“Me parece absurdo que tenhamos que pagar tarifas para transitar por uma zona que estamos obrigados a proteger em tempos de conflito. Essas são nossas expectativas”, disse Rubio à imprensa durante uma visita à República Dominicana.
Rubio, no entanto, não afirmou ter um acordo com o governo de Mulino durante sua visita ao Panamá, como havia anunciado o Departamento de Estado em um comunicado nas redes sociais.
“São um governo eleito democraticamente. Eles têm regras, têm leis e vão seguir seu processo, mas nossas expectativas continuam as mesmas”, afirmou o ex-senador.
O Departamento de Estado americano publicou na quarta que o Panamá isentaria de tarifas os navios do governo dos Estados Unidos, algo que Mulino chamou de “falsidade absoluta”.
Depois do encontro de Rubio com autoridades panamenhas, a ACP declarou que havia transmitido ao americano sua intenção de trabalhar com a Marinha dos EUA para otimizar a prioridade de trânsito de suas embarcações pelo canal. Embora tenha desmentido que as embarcações americanas não pagarão taxas, o órgão afirmou, em comunicado separado, que o compromisso de diálogo com Washington continua.
Entenda o caso
Com 82 km de extensão, o Canal do Panamá corta a nação centro-americana e é a principal ligação entre os oceanos Atlântico e Pacífico. Os Estados Unidos concordaram em construir a via marítima em 1903, quando assinaram um tratado garantindo a independência do Panamá da Colômbia em troca de direitos permanentes para operar a hidrovia. Na metade do século XX, porém, o controle dos EUA tornou-se fonte de tensão regional, o que levou o presidente Jimmy Carter (1977-1981) a assinar, em 1977, um acordo para devolver o canal em 1999.
Esse acordo contribuiu para o desenvolvimento do Panamá e ajudou o país a se tornar um estável oásis financeiro em uma região turbulenta. Em 2024, o canal gerou quase US$ 5 bilhões, o equivalente a cerca de 4% do PIB do país. Trump, contudo, sempre considerou a decisão de Carter um erro. Segundo Feeley, ele chegou a chamá-la de “o pior acordo da História” americana. Além da redução das taxas de passagem para as embarcações americanas, Trump teme a influência chinesa sobre o canal, por onde passa 75% da carga que tem como origem ou destino os EUA.