Sexta-feira, 10 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 9 de julho de 2022
O mercado de trabalho ainda bastante forte nos Estados Unidos em junho pavimentou a expectativa em Wall Street de que o Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) seguirá firme na sua política de elevação dos juros par atentar controlara maior inflação em quatro décadas no país.
Mas o temor de que o país entre em recessão em breve – o que tem causado volatilidade nos mercados financeiros – não foi reforçado, ao menos por ora, segundo bancos e consultorias internacionais.
Foram criados ao menos 372 mil empregos em junho, mostra o relatório conhecido como “payroll ”, publicado pelo Departamento do Trabalho norte-americano. O número veio acima da mediana de analistas, que apontava para a geração de 275 mil vagas, e mostrou um mercado de trabalho ainda pujante, o que desafia o Fed no controle da inflação.
“Os relatórios pintam um quadro consistente, de um mercado de trabalho que não está esfriando tão rapidamente como o Fed gostaria”, escreveram os economistas Aneta Markowska e Thomas Simons, do Jefferies.
Juros
Assim, o “payroll” deixou as portas abertas para um novo aumento da ordem de 0,75 ponto porcentual dos juros na reunião deste mês do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), de acordo com a maioria dos bancos em Wall Street.
Estão nesse grupo nomes como o JP Morgan, o Goldman Sachs, o Citigroup e o Jefferies, além das consultorias britânicas Oxford e Capital Economics. Alguns agentes do mercado, porém, já não descartam elevação maior.
Levantamento feito pela plataforma CME Group mostra que a chance de um aumento da ordem de 1 ponto passou a ser precificada no mercado, embora ainda pequena – de 4,6%. Antes do “payroll”, tal possibilidade não era aventada. A maioria ainda mantém a expectativa de 0,75 ponto.
Apesar disso, a preocupação de uma recessão à vista na maior economia do mundo não aumentou. “O relatório (de emprego) mostrou que economia (dos EUA) apresenta alguma moderação, mas, certamente, não reforça as preocupações de que podemos estar entrando em recessão, pelo menos não agora”, disse o economista-chefe do JP Morgan, Bruce Kasman, em teleconferência com investidores, lembrando que momentos recessivos são marcados por significativa deterioração no mercado de trabalho.
O mercado aguarda agora a divulgação, na próxima semana, do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de junho e a medição do sentimento dos americanos pela Universidade de Michigan. Ambos os indicadores pesaram na decisão do Fed de elevar os Fed Funds, que são os juros básicos dos EUA, em 0,75 ponto na reunião de maio.
Na opinião do JP Morgan, o CPI de junho deve exibir uma alta mensal de 1,1%. “Isso sela um aumento de 75 pontos-base na reunião do Fomc de julho.”