Os governos de diversos países passaram a exigir testes de covid-19 para visitantes da China após a explosão de casos positivos da doença na nação este mês. O anúncio mais recente foi dos Estados Unidos, na tarde desta quarta-feira (28). Itália, Japão, Malásia, Índia, Coreia do Sul e Taiwan também estabeleceram regras semelhantes.
As medidas são implementadas no momento em que a China faz o movimento contrário de afrouxar as regras para conter a pandemia – apontado por analistas ocidentais como o responsável pela nova onda de casos no país. Além de pôr fim a política de covid zero no fim de novembro após protestos nas principais cidades, Pequim também anunciou que vai encerrar a quarentena obrigatória para viajantes estrangeiros a partir de 8 de janeiro, depois de quase três anos.
O aumento dos casos levou as nações asiáticas a decretarem a princípio a obrigatoriedade para os visitantes da China de testes de covid negativo. Nesta quarta-feira, a Itália foi o primeiro país ocidental a adotar uma medida semelhante, seguida pelos Estados Unidos. Os dois países estiveram entre as nações que mais sofreram com a pandemia desde o início, em 2020.
Nos EUA, o governo de Joe Biden anunciou que todos os viajantes da China acima de dois anos de idade terão que apresentar um teste de covid negativo antes de embarcar no voo a partir do dia 5 de janeiro. A medida, segundo o governo, é para frear a disseminação do vírus e evitar novas variantes. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) disse que a exigência de testes se aplicará aos passageiros aéreos, independentemente da nacionalidade e status de vacinação. Também se aplicará testes a viajantes da China que entram nos EUA através de um terceiro país e àqueles que fazem conexão para outros destinos.
A Itália passou a exigir os testes em todo o país nesta quarta-feira, mas, segundo a agência Reuters, o principal aeroporto de Milão, Malpensa, já havia começado a testar passageiros que chegavam de Pequim e Xangai em 26 de dezembro. Os resultados mostraram que quase um em cada dois passageiros estava infectado. “A medida é essencial para garantir a vigilância e detecção de possíveis variantes do vírus, a fim de proteger a população italiana”, disse o ministro da saúde italiano, Orazio Schillaci.
Na Ásia, o Japão exigirá um teste negativo de covid-19 na chegada para viajantes da China, e a Malásia anunciou novas medidas de rastreamento e vigilância. Índia, Coreia do Sul e Taiwan já estão exigindo testes de vírus para visitantes da China.
Falta de transparência
As medidas foram anunciadas com a justificativa de contenção de novos casos de covid após a China sofrer um aumento exponencial com o fim da política covid zero. Além disso, as autoridades também alegam falta de transparência por parte do governo de Xi Jinping.
No dia 21 de dezembro, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, pediu à China que compartilhasse dados e conduzisse estudos relevantes para ajudar o mundo a entender quais variantes da covid estão circulando. “Para fazer uma avaliação de risco abrangente da situação no país, a OMS precisa de informações mais detalhadas sobre a gravidade da doença, internações hospitalares e requisitos para suporte à UTI.”
O surto de covid na China piorou nos últimos dias, com os governos locais relatando centenas de milhares de infecções por dia. Vídeos obtidos pelo The New York Times mostram pacientes doentes lotando corredores de hospitais, mas o quadro atual do surto é difícil de acompanhar porque a China não divulga dados confiáveis. Com o fim da política covid zero, por exemplo, o governo chinês retirou as exigências de testes em massa e tornou voluntária a divulgação dos resultados dos testes feitos em casa.
O resultado dessas mudanças é uma queda nas notificações recentes. No dia 13 de dezembro, o país relatou 2.291 novos casos, uma fração das cerca de 30 mil novas infecções diárias que o país registrava antes de suspender as exigências de testes em massa. A Comissão Nacional de Saúde da China disse no dia 14 deste mês que deixaria de relatar infecções assintomáticas, que representaram a grande maioria dos resultados positivos no passado. As informações são dos jornais O Estado de S. Paulo e The New York Times.