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“Estamos fazendo uma defesa vigorosa da democracia”, diz o presidente do Supremo ao “New York Times”

(Foto: Nelson Jr./SCO/STF)

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso, afirmou que a Corte está “fazendo uma defesa vigorosa da democracia” ao atuar contra um movimento “global, radical e de extrema direita” que ataca instituições, promove desinformação e pode ter tentado um “golpe” de Estado no Brasil.

O ministro deu as declarações durante entrevista ao jornal norte-americano “The New York Times”, que foi publicada nesta quarta-feira (16). “Estamos fazendo uma defesa vigorosa da democracia. E nós desempenhamos esse papel de enfrentar um movimento que considero global, radical e de extrema-direita, de ataque às instituições, que circula desinformação e — ainda está sendo investigado — talvez tenha até tentado um golpe”, afirmou o magistrado.

Ele também destacou que recentemente a democracia brasileira “resistiu a tempestades” que, em outros países, levaram ao colapso do estado democrático de direito. “Aqui, o Supremo Tribunal não permitiu que isso acontecesse”, pontuou o ministro.

Questionado sobre se o Supremo está sacrificando normas democráticas em nome da defesa da democracia que diz fazer, Barroso não respondeu à pergunta diretamente. Afirmou que é necessário levar em consideração o cenário e o tipo de forças que a Corte teve de enfrentar nos últimos anos.

Ao falar sobre o contexto em que o STF atua, o magistrado mencionou “desfile de tanques” na Esplanada dos Ministérios, “voos rasantes” de caças sobre o prédio da Corte e discursos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no 7 de Setembro contra ministros e decisões judiciais.

Também citou os acampamentos golpistas e as invasões às sedes dos Três Poderes após a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Lembrando que o ex-presidente [Bolsonaro] recebeu 49% dos votos, e ele tinha o Supremo Tribunal como seu principal alvo. Portanto, não é surpresa que haja uma visão negativa, se não ressentida, de parte da população”, disse.

Na entrevista, Barroso afirmou ainda que as investigações sobre atos golpistas e suposta tentativa de golpe de Estado estão para terminar, uma vez que “quase tudo o que precisava ser apurado já foi”. “Cabe ao procurador-geral [Paulo Gonet] apresentar a denúncia”, disse.

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