Por conta dos baixos estoques da vacina Coronavac, Estados e municípios atrasam o início da imunização de crianças de 3 e 4 anos contra covid. Isso faz com que a aplicação ocorra de forma desigual no País. Enquanto Rio, Salvador e Manaus avançam, pois ainda têm vacinas em estoque, outras capitais como Porto Alegre, Belo Horizonte e São Paulo não têm cronograma definido. Algumas cidades começaram a vacinar as crianças mesmo sem imunizantes suficientes.
Recomendação
A vacinação desta faixa etária começou de acordo com recomendação do Ministério da Saúde e a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), divulgadas na semana passada.
A pasta afirma que “segue em tratativas para aquisição de novas doses” e que a “decisão será formalizada em nota técnica aos Estados, bem como o cronograma de entrega de doses adicionais”. O órgão afirma ainda que a “nota técnica deve sair nos próximos dias”.
A formulação é a mesma da que é aplicada no Brasil em crianças e adolescentes entre 6 e 17 anos e adultos acima de 18 anos. A Coronavac deve ser administrada em duas doses, com 28 dias de intervalo, o que já acontece em outras faixas etárias.
O Instituto Butantan, responsável por fabricar a Coronavac, afirma que só vai se pronunciar sobre a produção ou importação de doses depois que o Ministério de Saúde incluir o imunizante no Programa Nacional de Imunizantes (PNI) e definir as quantidades necessárias.
A imunização de crianças de 5 anos já havia sido autorizada pelos órgãos com a vacina pediátrica da Pfizer.
Incerteza
Nesse contexto de incerteza, algumas cidades iniciaram a vacinação mesmo sem a quantidade suficiente de vacinas. Das sete capitais que já começaram a aplicação – Salvador (BA), Fortaleza (CE), São Luís (MA), Boa Vista (RR), Belém (PA), Manaus (AM) e Rio de Janeiro (RJ) –, pelo menos três informaram quantidades apenas para o início da imunização (Fortaleza, São Luís e Belém).
Carlos Lula, ex-presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde, alerta para a queda do ritmo de vacinação infantil. “Nosso ritmo de vacinação é muito menor no público infantil do que nas outras faixas etárias. O Brasil só vacinou 39% das crianças de 5 a 11 anos (com duas doses)”, argumenta.
Especialistas afirmam que a vacinação das crianças é particularmente importante diante do aumento de casos. Dados do Instituto Butantan mostram que 15% das internações ocasionadas por covid são de menores de 5 anos no País. Além disso, a média de óbitos nesta população é de duas mortes por dia, o que torna o grupo o mais vulnerável à doença neste momento.
Novas variantes
“O surgimento de novas variantes atingiu as faixas etárias mais baixas e mostrou a necessidade de incluir as crianças no Plano de Imunização para protegê-las, diminuir a circulação viral e o surgimento de novas cepas”, afirma Marcos Gadelha, secretário da Saúde do Ceará.
O Ministério da Saúde recomendou na semana passada que Estados e municípios apliquem a vacina Coronavac para crianças de 3 a 5 anos. A Anvisa já havia aprovado a aplicação. O Instituto Butantan pleiteava a liberação do imunizante em crianças a partir dos 3 anos desde janeiro.