Sábado, 28 de dezembro de 2024

Porto Alegre
Porto Alegre, BR
26°
Mostly Cloudy

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Economia “Estou passando fome, faz um PIX”: como pedidos de doação se multiplicaram nas redes sociais

Compartilhe esta notícia:

Desemprego elevado, queda da renda, redução do auxílio emergencial e a menor circulação nas cidades com a pandemia estão entre os fatores que estão levando as pessoas a implorarem por ajuda. (Foto: Reprodução)

“Tenho 35 anos, sou casada e tenho dois filhos. Estou desempregada, meu marido também está, e nós pagamos aluguel. A empresa em que ele estava trabalhando mandou ele embora, mas vai acertar com ele só dia 26 [de agosto], ele trabalhava de servente de pedreiro. Estamos com as contas atrasadas, e estão faltando coisas para comer em casa.”

O relato é de Fabiana Santos Theodoro, moradora de Blumenau, em Santa Catarina. No início de agosto, ela recorreu ao Facebook para pedir ajuda, após seu marido perder o trabalho na construção civil, tornando-se mais um entre os 14,8 milhões de desempregados do país, número recorde registrado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desde 2012.

Assim como Fabiana, muitos outros brasileiros têm usado as redes sociais em busca de doações ou ajuda financeira. O fenômeno se tornou ainda mais evidente após a criação do PIX, sistema de pagamento instantâneo lançado pelo Banco Central em novembro de 2020.

“Desemprego elevado, queda da renda, redução do auxílio emergencial e a menor circulação nas cidades com a pandemia estão entre os fatores que estão levando as pessoas a implorarem por ajuda nas redes”, avalia Lauro Gonzalez, coordenador do Centro de Estudos em Microfinanças e Inclusão Financeira da Fundação Getulio Vargas (FGV).

A criação do PIX também contribui para a prática, já que o meio de pagamentos sem custo para os usuários facilitou a transferência de pequenos valores, antes inviabilizada pelo alto custo de meios de transferência como TED e DOC.

Além disso, o auxílio emergencial levou a um avanço da bancarização da população de renda mais baixa, que agora pode se valer de transferências bancárias para receber doações.

Reflexo da economia

Para Lauro Gonzalez, da FGV, a multiplicação dos pedidos de ajuda e doações virtuais é um reflexo da crise gerada pela pandemia e do momento de instabilidade econômica em que vivemos. “Apesar da recuperação da atividade e relativa reabertura, estamos longe ainda da normalidade”, observa.

Exemplo disso é o fato de que, apesar de os economistas projetarem atualmente um crescimento de 5,3% do Produto Interno Bruto (PIB) para 2021 — bem acima dos 3% estimados em meados de abril — a taxa de desemprego do País estava em 14,6% em maio, de acordo com o dado mais recente disponível, com cerca de 3,2 milhões de desempregados a mais do que em dezembro de 2019, antes da chegada da pandemia ao Brasil.

“As redes sociais acabam constituindo um veículo propício para as pessoas conseguirem dar escala a coisas que antes era muito difícil escalar. Através das redes sociais, esses pedidos de ajuda financeira ou doações podem atingir milhares de pessoas potencialmente, a um custo bastante reduzido”, acrescenta o economista.

Segundo ele, a perda de renda e a redução da mobilidade nas cidades brasileiras durante a pandemia são fatores correlacionados. “A perda de renda decorre em parte da própria falta de mobilidade porque, na medida em que as pessoas circulam menos, parcela do seu consumo é deslocado para o ambiente virtual, mas outra parcela não, então a roda da economia gira mais devagar com a falta de circulação e o próprio receio das pessoas”, afirma o professor.

PIX

Nesse cenário de perda de renda e restrição de mobilidade, com deslocamento de parte da vida para o ambiente virtual, uma inovação do mercado financeiro — o PIX — teve um efeito inesperado sobre a vida das pessoas mais pobres.

“O PIX facilita as transações e a transferência de recursos a custo muito baixo — no limite, até a um custo zero”, diz o especialistas em inclusão financeira. “Ele se disseminou rapidamente, sendo adotado com sucesso talvez mais rapidamente até do que o Banco Central esperava.”

Segundo a Febraban (Federação Brasileira de Bancos), até maio deste ano, o sistema contava com 93,6 milhões de usuários cadastrados e a taxa média de crescimento mensal do número de usuários era de 18%. A parcela do PIX no total das transações bancárias passou de 7% em novembro de 2020, para 30% em março deste ano, enquanto os pagamentos via maquininha de cartão (68% para 51%) e via TED e DOC (25% para 19%) perderam espaço.

tags: em foco

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Economia

Utilitários-esportivos agora lideram as vendas no Brasil
Auxílio Brasil: saiba como será o novo Bolsa Família a partir de novembro
https://www.osul.com.br/estou-passando-fome-faz-um-pix-como-pedidos-de-doacao-se-multiplicaram-nas-redes-sociais/ “Estou passando fome, faz um PIX”: como pedidos de doação se multiplicaram nas redes sociais 2021-08-15
Deixe seu comentário
Pode te interessar