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Estratégias das defesas de Bolsonaro e de militares entram em choque

Interlocutores do ex-presidente e membros de sua defesa têm a tese de que não teria partido de Bolsonaro o plano de golpe. (Foto: Isác Nóbrega/PR/Arquivo)

A estratégia de defesa apresentada por interlocutores de Jair Bolsonaro vai em rota de colisão com argumentos sustentados pela cúpula das Forças Armadas sobre o inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado. As informações são da coluna da jornalista Bela Megale, do jornal O Globo.

Interlocutores do ex-presidente e membros de sua defesa têm a tese de que não teria partido de Bolsonaro o plano de golpe e alegam que ele teria agido “a reboque” dos militares. Já os membros das Forças Armadas destacam que o movimento antidemocrático veio do Palácio do Planalto para a caserna, de fardados cooptados pelo ex-presidente.

Entre os militares que são apontados como os mais subservientes a Bolsonaro estão os generais da reserva Walter Braga Netto e Mário Fernandes, ex-número dois da Secretaria-Geral da Presidência e um dos idealizadores do plano para assassinar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes.

Dos 37 indiciados pela PF por golpe, 25 são militares. Apesar disso, integrantes das Forças Armadas de alta patente avaliam que a imagem para a caserna está melhor do que há uma semana, quando foi revelado o plano para matar o presidente, seu vice e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Essa leitura se deve ao fato de o relatório final da PF ter mostrado que os ex-comandantes do Exército, Freire Gomes, e da Aeronáutica, Baptista Junior, foram essenciais para frear o golpe, assim como a maior parte do Alto Comando.

O documento da PF detalhou a negativa de Freire Gomes e Baptista Junior numa reunião com o próprio Bolsonaro sobre a assinatura de uma minuta que abriria espaço para interferência na Justiça Eleitoral e evitaria a posse de Lula.

O relatório também detalha a pressão exercida por militares golpistas, entre eles Braga Netto, sobre integrantes do Alto Comando que foram contra a ruptura institucional. Não há registro, porém, que os generais tenham levado ao conhecimento das autoridades o projeto de golpe.

A tese da defesa de Bolsonaro de que ele agiu sob influência dos militares é bem diferente da conclusão da PF no relatório sobre a investigação. Como informou a coluna de Bela Megale, o documento traz oito atos do ex-presidente na trama e diz que ele “planejou, atuou e teve domínio direto sobre os atos executados pelo grupo criminoso”.

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