Se os holofotes se voltam, principalmente, para os embates nas 15 capitais neste segundo turno, dirigentes e líderes partidários redobram as atenções para as disputas nos demais 36 municípios que elegem os novos prefeitos neste domingo (27). Integrantes do “G103”, grupo de 103 cidades com mais de 200 mil eleitores onde pode haver segundo turno, esses municípios são estratégicos por concentrarem o maior número de votos, e nessa condição, tornam-se palcos decisivos nas eleições gerais de 2026.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que levou o partido para o segundo turno em 9 capitais e em 11 grandes cidades, disse que investiu a maior parcela do fundo eleitoral nos municípios mais populosos (capitais e cidades do G103) porque “é onde está o maior número de votos”. No primeiro turno, o PL ficou em quinto lugar em número de prefeitos eleitos, atrás de PSD, MDB, PP e União Brasil, mas foi a legenda que obteve a maior votação: 15,7 milhões de votos, representando um crescimento de 236% em relação a 2020.
PT e PL aparecem em 20 desses palanques. O PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentará eleger os prefeitos de 9 desses municípios, enquanto o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro busca a vitória em 11. Os dois partidos vão para o confronto direto em dois palcos: Pelotas, no Rio Grande do Sul, e Anápolis, em Goiás, sendo que a legenda de Bolsonaro é favorita nos dois colégios.
Na sequência, os partidos que mais aparecem nos embates do G103 no segundo turno são MDB, PSD e União Brasil, cada um concorrendo em 7 municípios. A maior parte das disputas ocorrerá em São Paulo, onde eleitores de 17 grandes cidades voltarão às urnas.
Além do foco no desfecho do duelo na capital paulista, Lula tem o olhar atento para três cidades do G103: Diadema e Mauá, em São Paulo, e Camaçari, na Bahia, nas quais fez campanha neste segundo turno.
Lula participou de atividades em Diadema e Mauá, no ABC paulista, ambas comandadas pelo PT, na sexta-feira (18). Foi um último esforço para impulsionar o partido na região, que é berço eleitoral da sigla, e onde foi hegemônica no passado. Além disso, o partido tenta preservar as duas prefeituras, porque só elegeu três prefeitos no primeiro turno em cidades menores – Matão, Santa Lúcia e Lucionópolis -, além de perder o comando de Araraquara.
Eleições acirradas
A eleição será acirrada nas duas cidades até o fechamento das urnas, e em ambos os colégios, o PT concorre com a máquina municipal em mãos. Em Diadema, onde o prefeito José de Filippi Júnior busca o quinto mandato, tendo como adversário Taka Yamauchi, do MDB. Filippi obteve o apoio do terceiro colocado, Gesiel Duarte (Republicanos). Filippi é fundador do PT e amigo de Lula: foi tesoureiro da campanha presidencial do petista em 2006 e da campanha de Dilma Rousseff em 2010.
O PT é igualmente competitivo em Mauá, onde o prefeito Marcelo Oliveira tenta se reeleger, e chegou na frente no primeiro turno, com 45,13% dos votos válidos, contra 35,56% do adversário, o ex-prefeito Átila Jacomussi (União Brasil).
Ainda em São Paulo, a principal aposta do PL é a Prefeitura de Santos, estratégica pela proximidade do porto e região da Baixada Santista. Na quarta-feira (23), Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle pediram votos para a candidata e presidente do PL Mulher no Estado, Rosana Valle. Bolsonaro atacou o adversário dela, Rogério Santos (Republicanos), aliado do governador Tarcísio de Freitas, e reiterou o discurso negacionista sobre a pandemia.
Outro destaque do segundo turno no G103 em São Paulo é a disputa em Taboão da Serra, onde o prefeito José Aprigio (Podemos), que busca a reeleição, foi alvo de um atentado a tiros no dia 18. Ele foi baleado no ombro esquerdo quando estava dentro de um carro com vidro blindado numa avenida local. A Polícia Civil identificou três suspeitos de participarem da tentativa de homicídio, mas não divulgou os nomes.
Até quinta-feira (24), ele permanecia internado na UTI do hospital Albert Einstein em “estado estável”, e divulgou vídeo aos eleitores dizendo que estava se recuperando. Ele enfrenta neste segundo turno o Engenheiro Daniel (União), que lamentou o atentado contra o adversário. As informações são do Valor Econômico.