Por Redação O Sul | 3 de dezembro de 2015
“Moby Dick” (1851): o relato da busca do capitão Ahab pela baleia branca que o deixou sem parte de uma das pernas. Por trás dessa história, há uma outra, real, ocorrida no inverno de 1820, na região da Nova Inglaterra, nos Estados Unidos. O baleeiro Essex naufragou ao ser atingido por um grande cachalote macho, deixando parte de sua tripulação à deriva. “No Coração do Mar”, baseado no livro de mesmo nome do escritor e historiador Nathaniel Philbrick, mostra como tudo isso ocorreu e inspirou Melville a escrever sua obra-prima.
Filme mostra embate entre personagem de Hemsworth e de Benjamin Walker. (Foto: Reprodução)
O filme começa com a chegada de Melville (Ben Whishaw) à estalagem de Tom Nickerson (Brandon Gleeson), único sobrevivente do naufrágio, 30 anos antes. O jovem escritor quer ouvir o relato do ex-marinheiro que presenciou a tragédia do baleeiro. Apesar da recusa inicial, o autor consegue convencê-lo a falar. Ele conta, então, como a rixa entre o comandante George Pollard (Benjamin Walker) e seu primeiro imediato, Owen Chase (Chris Hemsworth), levou o navio e sua tripulação a uma situação trágica. Os dois são motivados pelo desafio de trazer óleo de baleia, o principal combustível da época, em quantidades industriais. Eles são vistos pelo olhar de Nickerson quando jovem, em papel interpretado pelo ótimo Tom Holland.
“No Coração do mar” tem um visual atraente, que une uma reconstituição de época meticulosa com efeitos especiais sofisticados. Essa união funciona para imprimir à narrativa um aspecto quase onírico, tamanho são os exageros e os limites cruzados pelos marinheiros na luta pela sobrevivência. Como em “Rush”, “Frost/Nixon” e outros filmes, o diretor Ron Howard trabalha com opostos que se atraem, com faces da mesma moeda, com personagens complementares. É o que são Melville e o velho Nickerson ou Pollard e Chase. A baleia que leva o Essex a pique surge, nesse contexto, como uma espécie de força da natureza, atropelando com brutalidade a sanha humana em perseguir e esgotar os recursos que o mundo oferece. (Alessandro Giannini/AG)
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