Sexta-feira, 31 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 18 de junho de 2015
O título original do filme“Listen up Philip”, que significa “Escuta aqui, Philip”, virou “Cala a Boca, Philip”, no Brasil. Faz sentido, pois o personagem interpretado por Jason Schwartzman não é muito de escutar os outros. A produção estreia nesta quinta-feira (18) na Cinemateca Paulo Amorim.
Philip é um jovem escritor rabugento, arrogante, egocêntrico e verborrágico. Só faltou a hipocondria para que se tornasse um clone do tipo criado por Woody Allen. A narração, as imagens captadas em Super 16mm com uma nervosa câmera na mão, o jazz na trilha sonora, a paleta de cores em tons pastéis, tudo faz lembrar um filme de Allen, com a diferença de que o humor não é o forte de Schwartzman.
Na verdade, o filme se filia esteticamente a um certo cinema independente americano contemporâneo, centrado em personagens individualistas cuja postura hype/cool geralmente desemboca em um tremendo vazio existencial. É interessante a opção do diretor e roteirista Alex Ross Perry de inserir Philip em um universo anacronicamente analógico, em que o pensamento intelectual e as relações humanas ainda não são afetadas pela imersão no mundo tecnológico.
Infelizmente, quando o espectador começa a conhecer e entender Philip, o foco sai dele, e a narração passa a ser sobre sua desinteressante namorada Ashley (outro papel de pobre coitada de Elizabeth Moss, a Peggy de “Mad Men”). O mesmo se dá posteriormente com o veterano escritor Ike, interpretado pelo ótimo Jonathan Pryce, que é uma espécie de projeção de Philip. Mesmo com a quebra de ritmo, o filme preserva o vigor e a incômoda sensação de que a geração de Philip e Alex Ross Perry fala muito mas tem pouco a dizer. (Marcelo Janot/AG)
Confira o trailer do filme: