Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 18 de outubro de 2020
Pesquisa foi feita pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas)
Foto: ReproduçãoPesquisadores da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) encontraram o novo coronavírus no cérebro de pacientes mortos pela Covid-19, além de alterações morfológicas – que se referem à forma e à estrutura – no órgão de pessoas com quadros moderados da doença.
O resultado deve ajudar em tratamentos mais efetivos de pacientes com Covid-19 que apresentam sintomas neurológicos, como anosmia, confusão mental, convulsões e zumbido no ouvido.
“O que identificamos agora é que o vírus é sim capaz de chegar no sistema nervoso central, no cérebro. Não só detectamos o vírus no cérebro de pessoas que morreram com a Covid-19, mas nós fizemos também análises de imagem, escaneamos os cérebros de pacientes com Covid-19 moderada e alterações significativas foram observadas”, disse o professor de bioquímica da Unicamp Daniel Martins-de-Souza, coordenador da pesquisa.
Ele ressaltou que até o momento não existem evidências disso na literatura, apesar de alguns pacientes apresentarem sintomas neurológicos. “Esse é um estudo feito com centenas de pacientes moderados, não são nem pacientes graves, e que demonstra que as alterações morfológicas estão correlacionadas com a Covid-19”, disse.
Segundo ele, as consequências nos pacientes ainda estão sendo observadas porque a Covid-19 é uma doença nova. “Não deu tempo de vermos o que vai acontecer no longo prazo, mas fato é que pessoas já curadas ainda tem queixas de sintomas neurológicos mesmo depois de o vírus já ter saído do corpo.”
Os pesquisadores já haviam comprovado em testes in vitro que o novo coronavírus era capaz de infectar os neurônios. No entanto, em testes em humanos, eles identificaram a presença do vírus em uma outra célula do cérebro, chamada astrócito.
“Vimos que o vírus está no cérebro de algumas das pessoas que morreram de Covid-19, não tanto nos neurônios, mas em uma outra célula que chama astrócito. Esta é uma célula que auxilia os neurônios a se comunicarem. No laboratório, fizemos um experimento mostrando que os astrócitos infectados podem produzir substâncias que matam neurônios e essa pode ser a causa de a gente ver aquelas alterações nas imagens do cérebro [de pessoas vivas infectadas]”, explicou Martins-de-Souza.