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Estudo diz que horário de verão não faz diferença para a economia de energia

O preço mínimo para a venda da estatal gaúcha será de R$ 1,25 bilhão. (Foto: Beto Rodrigues/CEEE)

Dois anos após a extinção do horário de verão, novo estudo realizado pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) apresenta o mesmo argumento usado pelo governo em 2019: a mudança no relógio não traz economia de energia significativa.

Segundo a avaliação, o mecanismo poderia ajudar, mesmo que pouco, a atenuar o consumo nos horários de ponta, ou seja, quando há maior consumo de energia. Por isso, no diagnóstico entregue ao MME (Ministério de Minas e Energia) nesta semana, o ONS não faz recomendação alguma, pois o mecanismo teria um efeito “neutro”.

A avaliação foi feita a pedido da pasta diante da pressão crescente de alguns setores da economia e da grave escassez nos reservatórios das usinas hidrelétricas. O tema voltou à pauta após os segmentos do turismo, alimentação e comércio pedirem ao presidente Jair Bolsonaro a retomada do mecanismo, sob argumento de que poderia contribuir para a recuperação financeira dessas atividades. Já especialistas no setor elétrico afirmam que, mesmo que seja uma pequena economia de energia, seria relevante frente ao atual cenário que o setor elétrico passa.

O presidente do ONS, Luiz Carlos Ciocchi, afirmou que o estudo traz uma análise do mecanismo e que não foi feita recomendação por sua volta ou não. “Em poucas palavras: do ponto de vista energético, é neutro. Do ponto de vista de ponta (consumo nos horários de ponta), ajuda com o deslocamento da mesma, mas não atenua tanto assim. Sendo assim, para o setor elétrico ajuda pouco, e é claro, não atrapalha”, afirmou. “É neutro, não dá para recomendar, nem rejeitar”, disse.

De acordo com ele, a solicitação do ministério era no sentido de atualizar um estudo feito há dois anos, que foi usado como base para a decisão do presidente de acabar com o horário de verão. À época, o diagnóstico foi o de que não havia mais economia de energia tão relevante. Ciocchi avalia que o novo diagnóstico confirma o estudo de dois anos atrás.

Criado com a finalidade de aproveitar o maior período de luz solar durante a época mais quente do ano, o horário de verão foi instituído no Brasil em 1931 pelo então presidente Getúlio Vargas e adotado em caráter permanente a partir de 2008.

A redução da economia do horário de verão começou a ser percebida e questionada em 2017, quando foi registrada uma queda de consumo da ordem de 2.185 megawatts, equivalente a cerca de R$ 145 milhões. Em 2013, a economia havia sido de R$ 405 milhões, caindo para R$ 159,5 milhões em 2016, uma queda de 60%.

Risco hídrico

Sem chuvas e com alta do consumo de energia elétrica, o nível dos reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste alcançou o menor patamar, pelo menos, desde a crise de 2001, quando ocorreu o maior racionamento da história do Brasil.

Em 2000, ano que precedeu o apagão, as represas estavam com 20,8% do armazenamento e, em 2001, já com programa de redução compulsória de energia, em 21,76%. Neste ano, até dia 15 de setembro, último dado do próprio ONS, o nível era de 18,23%.

Esse porcentual deve continuar em queda até novembro, quando pode romper a barreira de 10% – o que representa um desafio e um risco maior para a operação do sistema.

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