Cientistas da Stanford Medicine fizeram uma descoberta que pode revolucionar o tratamento de doenças neurológicas relacionadas ao envelhecimento, como Alzheimer e Parkinson. Através da manipulação genética, conseguiram reativar a produção de novos neurônios em cérebros envelhecidos. O estudo, publicado na revista Nature na semana passada, revelou um método que pode trazer mais esperanças para pacientes com perda de memória e outras condições degenerativas.
A produção de novos neurônios, embora ocorra ao longo da vida adulta, diminui com o avanço da idade. A redução está diretamente ligada ao agravamento de doenças neurodegenerativas. “Perder os neurônios seria perder essa informação crítica – ou seja, esquecer”, detalha o estudo. A pesquisa liderada pela professora de genética Anne Brunet revelou que essa produção pode ser retomada ao manipular genes específicos com a tecnologia CRISPR.
Um dos achados mais importantes envolve o gene GLUT4, responsável pelo transporte de glicose. A equipe descobriu que esse gene, quando removido, permite que as células estaminais cerebrais em ratos idosos voltem a produzir neurônios de maneira significativa.
“Esta intervenção permitiu-nos verificar que as células estaminais proliferaram, e migraram para o bolbo olfativo e formaram novos neurônios”, afirmou Tyson Ruetz, coautor da pesquisa.
A descoberta não apenas aponta novos caminhos para o desenvolvimento de medicamentos, mas também sugere possíveis intervenções comportamentais. O controle dos níveis de glicose, por meio de dietas com baixo teor de carboidratos, por exemplo, poderia estimular a neurogênese em cérebros mais velhos.
A possibilidade de regular a glicose e, assim, ativar a produção de novos neurônios abre, segundo especialistas, um horizonte promissor no tratamento de doenças que até agora eram vistas como inevitáveis e difíceis de controlar.
Diante dos avanços, os cientistas esperam que futuras pesquisas aprofundem o entendimento sobre como manipular esses genes de forma segura e eficaz em seres humanos. O próximo passo, segundo detalhou a pesquisa, seria a criação de terapias que possam ser aplicadas não apenas para conter o avanço de doenças degenerativas, mas até revertê-las.