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Por Redação O Sul | 22 de fevereiro de 2023
Um novo estudo publicado na revista científica JAMA Pediatrics mostrou que quase um terço das meninas de 6 a 18 anos (30%) sofre com algum transtorno alimentar. A proporção é mais elevada que a média geral, incluindo os meninos, que aponta 1 a cada 5 crianças e adolescentes (22,4%) com um distúrbio do tipo.
O amplo trabalho foi conduzido por pesquisadores de diversas instituições, como a Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, a Universidade de Castilla-La Mancha, na Espanha, a Universidade de Cambridge, no Reino Unido, e a Universidade Estadual de Londrina, única brasileira a participar do estudo.
O time internacional realizou uma revisão de 32 pesquisas feitas sobre o tema e publicadas até novembro de 2022 em quatro plataformas. No total, os trabalhos contabilizaram 63 mil participantes de 6 a 18 anos de 16 países. O objetivo foi traçar a proporção global de transtornos alimentares – anorexia nervosa, bulimia nervosa, transtorno da compulsão alimentar periódica e transtorno alimentar sem outra especificação – em crianças e adolescentes.
“Essa alta proporção encontrada é preocupante e exige uma ação urgente para tentar enfrentar essa situação. Em 2019, 14 milhões de pessoas tiveram transtornos alimentares, incluindo quase 3 milhões de crianças e adolescentes. Os comportamentos relacionados aos transtornos alimentares podem levar a maior risco ou dano à saúde, sofrimento significativo ou comprometimento significativo do funcionamento. De fato, os transtornos alimentares estão entre os problemas psiquiátricos que mais ameaçam a vida, e as pessoas com essas condições morrem 10 a 20 anos mais jovens do que a população em geral”, escreveram os pesquisadores no estudo.
Além de constatar que 22,4% de todos na faixa etária sofrem com algum diagnóstico, e que esse percentual sobre para 30% considerando apenas o sexo feminino, os responsáveis pela revisão observaram que os meninos tiveram uma prevalência abaixo da média, porém ainda alta, de 17%. Para os responsáveis, esse percentual menor pode ser atribuído a alguns motivos.
“Presume-se que os meninos subnotifiquem o problema devido à percepção social de que esses distúrbios afetam principalmente as meninas e porque a alimentação desordenada geralmente é considerada pela população em geral como exclusiva de meninas e mulheres. Além disso, observou-se que os critérios diagnósticos atuais de transtorno alimentar falham em detectar comportamentos alimentares desordenados mais comumente observados em meninos do que em meninas, como o intenso envolvimento em massa muscular e ganho de peso com o objetivo de melhorar a satisfação com a imagem corporal”, pontuam.
A incidência dos distúrbios também foi mais frequente conforme a idade aumentava e em indivíduos com maior índice de massa corporal (IMC). “A idade de início dos transtornos alimentares tem sido classicamente descrita na adolescência”, dizem os pesquisadores, citando estudos que apontam para uma média de início dos distúrbios aos 12 anos, dado confirmado pela revisão.