A organização 4 Day Week Global, que busca avaliar os resultados da implementação de uma semana de apenas quatro dias úteis, divulgou nesta terça-feira os primeiros resultados do maior experimento já conduzido sobre o tema, com 61 empresas e 2,9 mil funcionários do Reino Unido.
Após um período de seis meses sem alteração no salário, mas com a carga reduzida, foi observada uma redução de 71% nas queixas de burnout, sem queda na produtividade – na verdade, foi registrado um leve aumento. Quase todas as empresas (92% do total) pretendem dar continuidade ao novo esquema de trabalho mesmo após o fim do estudo.
O experimento foi promovido pela organização em parceria com o think tank britânico Autonomy, focado em novas soluções para o futuro da economia, e liderado por professores do Boston College, nos Estados Unidos, e da Universidade de Cambridge, no Reino Unido.
A mudança na rotina de trabalho foi avaliada entre junho e dezembro do ano passado. Os maiores ganhos foram observados na saúde mental dos trabalhadores. Além da redução no burnout, 39% disseram estar menos estressados e 54% afirmaram ter menos emoções negativas. 37% também registraram melhorias na saúde física, 46% menos fadiga e 40% menos dificuldades para dormir.
Ao fim do experimento, 9 a cada 10 funcionários disseram que “definitivamente querem continuar com a semana de 4 dias”. Mais da metade (55%) afirmou que, mesmo com um dia a menos, tiveram uma melhora nas habilidades durante o trabalho.
“Os resultados são amplamente estáveis em locais de trabalho de tamanhos variados, demonstrando que esta é uma inovação que funciona para muitos tipos de organizações. Mas há também algumas diferenças interessantes. Descobrimos que os funcionários de organizações sem fins lucrativos e de serviços profissionais tiveram um aumento médio maior no tempo gasto em exercícios físicos, enquanto os da construção/manufatura tiveram as maiores reduções de burnout e problemas de sono”, diz a professora de economia e sociologia da Boston College que liderou o experimento, Juliet Schor, em comunicado.
Numa escala de 0 a 10, as empresas que participaram do experimento atribuíram uma nota de em média 8,5 para a experiência. Comparando o período antes do estudo e o depois, a receita das companhias subiu aproximadamente 1,4%, mostrando que não houve queda relacionada ao dia a menos na semana de trabalho.
Quando analisado o período após experimento com a mesma época de anos anteriores, esse crescimento na receita foi ainda maior, de em média 35%. Os empregadores observaram ainda uma redução de 57% no número de funcionários que pediram demissão durante a pesquisa.
No total, 56 empresas vão continuar com a nova rotina de forma permanente mesmo com o fim do estudo. Das cinco que decidiram não dar continuidade à semana de quatro dias, duas pretendem testar a estratégia por mais um tempo.
Com a adição dos novos dados do Reino Unido, a 4 Day Week Global já testou o método em um total de 91 companhias e aproximadamente 3,5 mil trabalhadores ao redor do mundo, incluindo países como Estados Unidos, Irlanda, Canadá, Austrália e Nova Zelândia. Embora menores, os outros experimentos mostraram resultados semelhantes aos do britânico.
“Nossa equipe tem o prazer de expandir os argumentos em favor de uma semana de 4 dias hoje com esta nova pesquisa acadêmica de classe mundial, e estamos ansiosos para adicionar nossos resultados piloto da Australásia (região que inclui a Austrália, a Nova Zelândia, a Nova Guiné e algumas ilhas menores da parte oriental da Indonésia) a este conjunto de dados nas próximas semanas, e nossos resultados europeus, sul-africanos, do Brasil e da América do Norte nos próximos meses”, afirma a co-fundadora da organização, Charlotte Lockhart.