A dificuldade do governo gaúcho em articular a sua própria base de apoio para acelerar os movimentos em busca da adesão ao chamado Regime de Recuperação Fiscal, o denominado acordo de renegociação da dívida com a União, é um dos pontos que adia definitivamente para 2018 qualquer solução para a crise das finanças do Estado. Com isso, compromissos como o pagamento do décimo-terceiro salário aos servidores, e repasses para a saúde e outras áreas importantes ficam indefinidos por conta do déficit que se avoluma a cada mês. Enquanto isso, o Rio de Janeiro, com situação bem mais calamitosa que o Rio Grande do Sul, conseguiu unir suas forças políticas, assinar o acordo, e esta semana recebe cerca de R$ 3 bilhões, um volume de recursos decorrente de financiamento mediado pela União, para colocar em dia salários de servidores e repasses em atraso.
Propostas ingênuas ganham adeptos idem
A forma pouco objetiva como foram conduzidas as negociações com a Assembleia Legislativa, permitiram o surgimento de propostas alternativas mirabolantes e ingênuas, que seduziram até mesmo integrantes da própria base do governo, como a recuperação imediata de créditos oriundos de devedores de impostos, a busca imediata de valores da Lei Kandir, além de discordância quanto à cobrança de juros pelo período em que o Estado deixaria de pagar parcelas da dívida, algo comum em qualquer contrato de financiamento. Na verdade, é tanta ingenuidade somada que o mais adequado é supor que há um temor de alguns deputados e partidos em viabilizar o acordo, pela força política que a solução da crise traria para o governador José Ivo Sartori. Estamos de volta, portanto, à velha filosofia da República de Caranguejos, que tanto tem atrasado o Rio Grande do Sul.
Agenda de Michel Temer
O presidente Michel Temer tem esta manhã às 9h, a agenda com dois personagens decisivos para o acordo da dívida gaúcha: Henrique Meirelles, ministro da Fazenda e Grace Maria Mendonça, advogada-geral da União. O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, estará presente.
Procura-se um gestor
A lentidão dos estrategistas do governo em gerir de forma pragmática a relação com os deputados da base, contemplados com cargos no governo sem a necessária contrapartida de apoio à gestão, e os equívocos cometidos no encaminhamento da proposta à Secretaria Nacional do Tesouro, mais o cenário político típico da República de Caranguejos, acabam dando razão ao que o CEO das Lojas Renner, José Galló, afirmou na última reunião da Federasul este ano, em Porto Alegre: “O Rio Grande não precisa de pacto. O caso gaúcho é apenas de bom gestor.”
“Tudo muito lento”
A definição de Galló: “ Aqui no RS tudo é muito lento, vagaroso, demorado e engessado. O Rio Grande está perdendo empresas e talentos e com isso, gera desemprego e culmina na redução da arrecadação de impostos. É um efeito cascata”.
TRF julga demolições em Jurerê
A disputa de uma área litorânea valiosa, uma verdadeira moeda verde, como preferem chamar alguns, levará o TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), em Porto Alegre, a julgar nesta terça-feira, o recurso para impedir a demolição dos beach clubs de Jurerê Internacional, em Florianópolis. O processo tem como partes, Ministério Público Federal, a Ajin (Associação de Moradores de Jurerê Internacional), a Habitasul e os beach clubs.
Chama o Pujol
Preocupado com as difíceis relações com a Câmara de Vereadores, o governo do município chamou o vereador Reginaldo Pujol (DEM), decano da Câmara, e conhecido pela capacidade de agregar, para uma avaliação das possibilidades de somar votos à proposta de revisão da planta de valores do IPTU. No entanto, até mesmo para o experiente Pujol, conhecido por ser capaz de “dar nó em pingo d’agua”, a tarefa parece bem difícil.