Domingo, 22 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 1 de outubro de 2020
A indicação do desembargador Kassio Nunes Marques ao Supremo Tribunal Federal (STF) desagradou líderes evangélicos que defendiam um perfil mais conservador para a vaga. Eles alegavam que o nome escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro para substituir o ministro Celso de Mello não precisava ser “terrivelmente evangélico” — ao menos não ainda — mas sim “terrivelmente de direita”.
O grupo também conta com a promessa de que a próxima nomeação ao Supremo, a ser aberta com a aposentadoria de Marco Aurélio Mello, em 2021, será de um religioso ligado ao grupo. Há cerca de um mês, quando Bolsonaro começou a receber currículos, comunicou aos evangélicos que teriam que esperar pela segunda vaga.
“O que está gerando mal-estar é quem (o presidente) indicou. É um absurdo a indicação desse cara, não por não ser evangélico, nada a ver, não é nada com evangélico, ele (Bolsonaro) já tinha falado que não ia ser a primeira, a questão não é essa, a questão é quem está indo nessa vaga. Não precisava ser evangélico porque nós já sabíamos, mas um cara terrivelmente de direita, só isso. Nem nada a mais, nem nada a menos”, disse o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus, ao jornal O Globo.
Malafaia citou como referência o caso do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que anunciou no último final de semana a indicação da juíza Amy Coney Barrett para preencher a vaga na Suprema Corte. A juíza tem forte apoio dos conservadores republicanos.
“Olha lá o que o Trump fez na América. Posição firme. É como a esquerda faz quando eles estão no governo, bota gente ligada a ideologia deles. Faz parte do jogo político”, defendeu Malafaia.
O deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) também criticou o nome de Marques por supostamente ser de esquerda e ter ligação com o Partido dos Trabalhadores.
“O que não esperávamos é que a primeira seria de um petista. O que não esperamos ainda é isso. O Judiciário está aparelhado pela esquerda e nossa única esperança era eleger um presidente para começar a desaparelhar”, disse o parlamentar.
Circula, em redes sociais, uma foto do desembargador com o governador do Piauí, Wellington Dias (PT). Um texto que acompanha a foto diz que Marques é “petista de carteirinha” e ligado ao governador. Aliados de Bolsonaro encaminharam a imagem a ele pelo WhatsApp na quarta-feira (30).
Já o deputado Marco Feliciano (Republicanos-SP) disse ter “a palavra do presidente” que um nome “terrivelmente evangélico” será indicado para a próxima vaga. Para Feliciano, é preciso confiar no ‘feeling’ do presidente.
“Se agrada o presidente é o suficiente, pois a indicação é dele. Confio no feeling do presidente.”
Para Cezinha da Madureira (PSD-SP), “não cabe à frente parlamentar evangélica opinar quando não é consultada”.
Marques entrou para o TRF-1 em 2011, na cota de vagas para profissionais oriundos da advocacia. Ele foi escolhido pela então presidente Dilma Rousseff (PT).