Vista como a última trincheira de batalha de Jair Bolsonaro (PL), a disputa pela presidência do Senado mobiliza líderes evangélicos, que prometem intensa campanha contra a reeleição de Rodrigo Pacheco (PSD-MG). A ideia é ativar pastores e eleitores do segmento religioso nos Estados, que se encarregarão de pressionar senadores pelo apoio ao candidato de Bolsonaro, Rogério Marinho (PL). É uma estratégia similar à empregada na aprovação de André Mendonça, o “ministro terrivelmente evangélico”, ao STF.
A bancada evangélica no Senado é diminuta, serão 14 parlamentares em 2023. Mas a expectativa é a de que todos eles, menos Eliziane Gama (Cidadania-MA), votem no candidato de Bolsonaro.
O Senado é visto como estratégico para bolsonaristas pela oposição que eles desejam fazer contra o STF – é na Casa onde tramitam eventuais processos de impeachment de ministros. Os bolsonaristas dizem que, com a cadeira, conseguem manter a Corte na rédea curta.
A principal estratégia da campanha de Marinho é explorar a rejeição de Pacheco entre seus pares no Senado, com o argumento de que o mineiro tem sido subserviente ao Poder Judiciário, quando a relação deveria ser de igual para igual.
A participação ostensiva de Bolsonaro na campanha de Marinho ainda não foi decidida. Ele só deverá aparecer para pedir votos a senadores se for necessário. Uma das fortalezas de Marinho é sua origem. Ele é do Rio Grande do Norte, e os nordestinos representam um terço do Senado. Bolsonaristas creem ter o apoio, atualmente, de 29 senadores.
Candidatura
O senador e ex-ministro Rogério Marinho (PL-RN) anunciou sua candidatura à presidência do Senado nessa semana. Ele irá concorrer contra o atual presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que buscará a reeleição.
“Não faremos uma presidência de oposição ao País, e sim a favor do Brasil”, disse Marinho à imprensa. Ele falou sobre a importância de ter um parlamento forte e proteger a “inviolabilidade dos mandatos dos parlamentares” e o “direito de se expressar livremente”.
Durante o anúncio, ele também criticou a atuação de Pacheco: “O que se espera do presidente do Senado é que ele seja um árbitro, que não tome parte e não seja obstáculo para ações do Legislativo e do Executivo. Isso não tem acontecido.”
Marinho disse que “a partir de agora começamos a conversar com outros atores políticos, que certamente comungam dos mesmos propósitos, entre eles a defesa das conquistas dos últimos anos”. Também lembrou que seu partido defende transformações e mudanças substanciais na economia desde o afastamento da ex-presidente Dilma (PT).
“Precisamos ter a altivez de fazer as tratativas para proteger esse legado e avançar nas mudanças”, disse.