Sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 7 de novembro de 2023
A citação aos integrantes do gabinete do ódio teria sido uma das exigências para que o acordo fosse homologado.
Foto: DivulgaçãoO tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, detalhou, em seu acordo de delação premiada, como funcionava o chamado “gabinete do ódio” do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. As informações são do jornal O Globo.
A Polícia Federal (PF) teria exigido que Cid detalhasse o papel de cada ex-assessor do ex-chefe do Executivo no esquema montado no Palácio do Planalto para atacar adversários políticos via redes sociais. A citação aos integrantes do gabinete do ódio teria sido uma das exigências para que o acordo fosse homologado em setembro. Cid teria relatado, ainda, a relação dos membros do grupo com os integrantes do clã Bolsonaro. A existência do “gabinete do ódio” foi revelada pelo Estadão em 2019.
Segundo informações do UOL, Cid admitiu participação no esquema de fraudes dos cartões de vacina de covid-19 no sistema do Ministério da Saúde e citou Bolsonaro como o mandante. O site diz que o ex-chefe do Executivo pediu que os cartões dele e da filha, Laura, de 13 anos, fossem manipulados. De acordo com o tenente-coronel, os documentos fraudados foram impressos e entregues ao ex-presidente para que ele usasse quando “achasse conveniente”.
Os dados falsos de Bolsonaro e de Laura teriam sido inseridos no sistema do Ministério da Saúde por servidores da prefeitura de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, no dia 21 de dezembro de 2022, nove dias antes de o ex-chefe do Executivo viajar para os Estados Unidos, às vésperas da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Naquela época, as leis americanas exigiam que os viajantes comprovassem a imunização contra a covid-19.
A declaração de Cid confirmou hipóteses já trabalhadas pela PF. Segundo os investigadores, Bolsonaro e aliados tinham “plena ciência” das falsificações. Cinco dias depois de sair da prisão, foi revelado que Cid informou aos investigadores que entregou ao ex-presidente uma parte do dinheiro proveniente do esquema ilegal de venda de joias no exterior.
O tenente-coronel admitiu à PF que participou ativamente da venda de dois relógios, um da marca Rolex e outro da Patek Phillipe. O dinheiro da comercialização ilegal teria sido depositado na conta do pai dele, o general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid.
Bolsonaro, então, teria recebido em mãos US$ 68 mil de forma parcelada, com um repasse nos Estados Unidos e outro no Brasil. Outra informação cedida por Cid à PF durante a delação premiada foi a de que Bolsonaro teria se reunido com a cúpula das Forças Armadas, após o segundo turno das eleições presidenciais, para discutir a possibilidade de uma intervenção militar para reverter o resultado que elegeu Lula para o seu terceiro mandato na Presidência.