Terça-feira, 21 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 18 de novembro de 2017
O ex-assessor parlamentar do deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), Job Ribeiro Brandão, afirmou em depoimento à Polícia Federal e à PGR (Procuradoria-Geral da República) que dinheiro em espécie era guardado em malas e caixas no closet da mãe do parlamentar e do ex-ministro Geddel Vieira Lima.
Segundo Job Brandão, a família “possuía muito dinheiro guardado no apartamento de Marluce Vieira Lima”, em Salvador (BA). A pedido de Geddel e de Lúcio, Job realizava a contagem de dinheiro quando as notas chegavam no apartamento em Salvador.
O dinheiro, segundo ele, ficava guardada no closet do quarto da mãe dos irmãos Vieira Lima, em caixas e malas até o início de 2016. Ele contou que quando o pai de Lúcio e Geddel morreu, no entanto, o dinheiro foi levado para outro lugar.
O ex-assessor disse que não tinha conhecimento do local até a busca e apreensão feita em setembro deste ano na Operação Tesouro Perdido. Ele disse que nunca esteve no apartamento onde a Polícia Federal encontrou o equivalente a 51 milhões de reais em dinheiro vivo, mas pela foto “as caixas e uma das malas pretas se assemelham com as que costumavam ficar guardadas” no apartamento da mãe de Geddel e Lúcio.
Job Brandão tem intenção de fazer um acordo de colaboração premiada. Ele virou alvo da Tesouro Perdido após a Polícia identificar suas digitais em parte dos 51 milhões de reais encontrados. O ex-ministro e o deputado Lúcio Vieira Lima são investigados pelo crime de lavagem de dinheiro.
O ex-assessor afirmou em depoimento que só viajou uma vez a Brasília e que sequer esteve na capital do País para a posse no cargo, tendo feito isso por meio de procuração. Durante todo o período, segundo ele, “nunca trabalhou efetivamente como secretário parlamentar, mas tão somente trabalhava para a família Vieira Lima, prestando todo tipo de serviço no interesse da família”.
Job Brandão disse aos investigadores que devolvia parte do salário à família. No início, segundo ele, o acerto era que ele ficasse com o correspondente a dois salários mínimos e meio, mais o auxílio alimentação que recebia como secretário parlamentar.
Depois, no entanto, houve um aumento. Job contou que recebia 3.780 reais do total de 11.800 reais do cargo. A “sistemática” começou a ser aplicada com o motorista da família, que, segundo ele, também era secretário parlamentar. Quem controlava os pagamentos era uma terceira secretaria parlamentar que na verdade prestava serviços para a família.
Segundo o ex-assessor, ele chegou a ser chamado ao apartamento de Lúcio Vieira Lima para “contar dinheiro em espécie” e que já recebeu “diversas vezes” dinheiro vivo das mãos do irmão do marqueteiro João Santana, Elísio Santana, “ligado ao PMDB da Bahia”. Ele afirmou que quando contava o dinheiro recebido de Santana normalmente chegava até a 500 mil reais, em entregas entre 2010 e 2011.
Marcelo Ferreira, advogado de Job, declarou que “tem uma especial preocupação com a segurança de Job e que tem por objetivo demonstrar que sua condição de vida é totalmente incompatível com a renda de um secretário parlamentar”. Para o advogado, o ex-assessor é “vítima da situação e que, além da liberdade, pretende buscar, judicialmente, o ressarcimento dos valores de seu salário que era obrigado a repassar à família Vieira Lima”.