Sexta-feira, 25 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 22 de maio de 2023
Terminou no final da tarde dessa segunda-feira (22) o depoimento do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), no inquérito da Polícia Federal (PF) que investiga as joias entregues pelo regime da Arábia Saudita.
Cid foi ouvido por videoconferência durante quase 3 horas, já que está preso no Batalhão de Polícia do Exército, em Brasília, e respondeu a todas as perguntas feitas pelo delegado Adalto Machado, que preside o inquérito, que está em São Paulo.
A PF queria esclarecimentos sobre a participação de Cid na tentativa de liberação das joias. As dúvidas surgiram depois dos outros depoimentos colhidos durante a investigação.
Em depoimento anterior sobre o caso, Cid afirmou que a tentativa frustrada de recuperação, por parte do governo federal, das joias recebidas da Arábia Saudita que estavam retidas na alfândega no Aeroporto de Guarulhos (SP) começou com um pedido de Jair Bolsonaro (PL). De acordo com o Cid, o então presidente o avisou sobre a existência das joias retidas no aeroporto em meados de dezembro de 2022, e pediu que o ajudante de ordens checasse se era possível regularizar os itens.
O depoimento realizado nessa segunda estava previsto para 3 de maio, mesmo dia em que Cid foi preso preventivamente na Operação Venire, e por isso precisou ser remarcado.
Ele já foi ouvido por cerca de três horas no início do mês passado, quando confirmou que recebeu um pedido do ex-presidente Jair Bolsonaro para tentar reaver as joias retidas pela Receita Federal.
Bolsonaro também já deu sua versão. O ex-presidente alegou que acionou seus auxiliares para evitar um suposto “vexame diplomático” e que só ficou sabendo da existência das joias em 2022 – um ano após a apreensão no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.
Na semana passada, Cid e a esposa, Gabriela, também prestaram depoimento à PF, sobre o caso dos cartões de vacina. O ex-ajudante de ordens optou pelo silêncio, mas Gabriela Cid admitiu ter usado o certificado falso de vacinação contra a covid.
Caso
O governo do ex-presidente Bolsonaro teria tentado trazer para o Brasil de forma ilegal joias sauditas avaliadas em R$ 16,5 milhões.
As joias foram apreendidas quando o governo Bolsonaro tentava retornar ao Brasil durante viagem oficial à Arábia Saudita, em outubro de 2021. Os itens de luxo avaliados em R$ 16,5 milhões estavam na mochila de um militar que era assessor do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.
Logo após a apreensão das joias, o militar informou o caso ao ministro que tentou liberar os itens sob alegação de que seria um presente para a então primeira-dama, Michelle Bolsonaro (PL). Entretanto, a Receita Federal decidiu por manter o confisco.
Em mais uma tentativa, em 28 de dezembro de 2022, o próprio ex-presidente teria enviado um ofício para a Receita pedindo a liberação dos bens.
A Polícia Federal então descobriu um segundo pacote de joias entregues a Bolsonaro: o kit com relógio, caneta, abotoaduras, anel e um tipo de rosário islâmico foi listado como um bem pessoal do ex-presidente.
O segundo pacote de joias foi entregue à Caixa Econômica Federal em março deste ano. Só o relógio da marca Rolex é avaliado em aproximadamente R$ 800 mil.