Domingo, 22 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 9 de setembro de 2017
O ex-procurador da República Marcello Miller passou cerca de dez horas prestando depoimento na PRR2 (Procuradoria Regional da República da 2ª Região), órgão do Ministério Público Federal, no Rio de Janeiro.
Miller chegou às 15h10min de sexta-feira (08) e só deixou o local na madrugada deste sábado (09), por volta de 1h. O ex-procurador não falou com a imprensa, mas o seu advogado, André Perecmanis, disse que as denúncias contra o seu cliente são “infâmias”.
Miller foi intimado a depor em procedimento interno da PGR (Procuradoria-Geral da República) que decidirá pela revisão ou não do acordo de delação premiada dos irmãos Joesley e Wesley Batista. Há suspeitas sobre a atuação do ex-procurador no caso. Miller deixou a Procuradoria em 5 de abril e passou a atuar em seguida no escritório que auxiliou os irmãos Batista a assinar acordo de delação com a Procuradoria.
Em novo áudio revelado no início da semana passada, Joesley dá a entender que teria omitido informações em seu acordo inicial, bem como afirma que Miller teria auxiliado no processo quando ele ainda estava na Procuradoria, em uma espécie de jogo duplo.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou ao STF (Supremo Tribunal Federal) na sexta-feira (08) pedido de prisão dos delatores da JBS Joesley Batista e Ricardo Saud e também do ex-procurador Marcello Miller. A solicitação ainda precisa ser analisada pelo ministro do STF Edson Fachin.
Na saída do depoimento de Miller no Rio, o advogado do ex-procurador criticou o pedido de prisão. Ele afirmou que o seu cliente não se negou a responder nenhuma pergunta. O advogado, contudo, disse ter sido informado pela imprensa do pedido de prisão. “Causa espécie, se for verdade, o pedido de prisão antes do depoimento. Para que o depoimento, então?”, questionou.
“Se o procurador-geral fez pedido de prisão, para que pediu que ele [Miller] fosse ouvido? A declarações não interessam ao MP? Se existir [o pedido], causa muita espécie e indignação à defesa. Ele passou o dia inteiro e respondeu a todas às perguntas”, disse o advogado.
Segundo Perecmanis, o novo áudio de Joesley é “absolutamente desconexo” e foi gravado em “condições que ninguém sabe quais são”. Ele diz ainda que os áudios contém uma “série de atrocidades”. Perecmanis negou, por exemplo, que seu cliente tivesse qualquer influência sobre o procurador-geral da República e sua equipe. Afirmou que Miller deixou a força-tarefa da Lava-Jato em julho de 2016, muito antes, portanto, da assinatura do acordo de delação com os Batista, em maio do ano seguinte.
“Ele não tem contato com o procurador desde outubro do ano passado. Ele nunca foi emissário de ninguém, nunca atuou dos dois lados, sempre teve uma vida republicana no Ministério Público [Federal]. Não conhece, portanto, uma figura que possa existir de braço direito do procurador-geral na Lava-Jato. Essa acusação é uma infâmia”, afirmou o advogado. (Folhapress)