Quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 20 de junho de 2023
No primeiro depoimento da CPI dos Atos Extremistas, Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) disse que o cargo não foi usado para beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro. Vasques declarou voto em Bolsonaro na véspera do segundo turno e é suspeito de bloquear estradas para favorecer o ex-presidente.
“As fotos que eu tenho com o presidente Bolsonaro é porque ele me permitiu tirar. Utilizei da minha hora de folga, postei na minha hora de folga. O cargo nunca foi usado em benefício meu e muito menos dele (Bolsonaro). Não seria eu que mudaria o resultado da eleição”, disse.
Vasques também afirmou que sua intenção ao comparecer ao colegiado é combater ao que chamou de “maior injustiça da História contra PRF”. Ele é suspeito de ter determinados bloqueios em estradas visando prejudicar a locomoção de eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante o segundo turno da disputa presidencial.
O ex-chefe da PRF é réu na Justiça do Rio de Janeiro por ação de improbidade administrativa por suspeita de beneficiar o ex-presidente. Ele, contudo, afirmou que está se defendendo no processo.
“O procurador disse que eu usei as minhas redes sociais pessoais, que usei dentro da minha casa, no meu aparelho celular, no meu horário de folga, como qualquer cidadão”, justificou.
Vasques afirmou que não tinha relação íntima com Bolsonaro, mas um ligação profissional. Ele ainda afirmou ter tirado uma foto com o ex-presidente por sentir “orgulho” dele.
“Foi o único que deixou eu bater a foto, nenhum outro presidente autorizou a gente a bater foto. Qual o orgulho para um servidor público, para um policial? Quem é o presidente? É o maior comandante das polícias, qualquer presidente, o atual também é, todos foram. É orgulho para gente levar uma foto com o presidente, a gente se emociona”, disse.
Além de ouvir o ex-chefe da PRF, a sessão dessa terça-feira (20) da CPI aprovou quatro requerimentos de convocações. Durante o depoimento de Silvinei Vasques ele falou sobre a relação dele com Jair Bolsonaro, os bloqueios nas estradas do Nordeste, processos administrativos abertos contra ele e sobre o fato de ele ter procurado emprego em uma empresa que tinha contratos com a PRF.
O colegiado aprovou de forma a convocação do coronel Jean Lawand, que aparece em mensagens incentivando atos golpistas, GDias, ex-ministro do GSI de Lula, Saulo Moura da Cunha, chefe da Abin durante os ataques do 8 de janeiro, Renato Martins Carrijo, perito da Polícia Civil do Distrito Federal.
Vasques disse que não tem relação íntima com Bolsonaro, apenas profissional. Por outro lado, ele tirou foto ao lado do ex-presidente e fez uma postagem de apoio a ele na véspera da votação do segundo turno.
O ex-chefe da PRF chegou a dizer que o grande número de operações na região era porque a área já concentra o maior efetivo da PRF, o que não é verdade.
Ele relutou a responder se havia processos administrativos contra ele e depois declarou que “não foi notificado oficialmente” sobre os processos.
Posteriormente, parlamentares apontaram que há um processo aberto na PRF. A relatora sustentou que ele mentiu no depoimento. No entanto, o presidente da CPI deu a oportunidade de ele corrigir a fala.
Governistas cobraram explicações de Vasques sobre o fato de ele ter pedido emprego na empresa Combat Armor, que venceu uma licitação da PRF quando ele comandava a instituição. Ele admitiu que procurou o emprego, mas citou que se aposentou da PRF e que não haveria conflito de interesses.
Ele também foi questionado sobre a suspeita de ter participado de um episódio de agressão a um frentista. Vasques negou ter sido autor de um ataque de violência e disse que os casos abertos para apurar o episódio foram arquivados.
Antes do depoimento também foi aprovado o pedido do inteiro teor de inquéritos e processos, inclusive os já arquivados, sobre os atos golpistas. Foi pedido também ao Supremo Tribunal Federal (STF) dados constantes de inquéritos relacionados ao financiamento de atos antidemocráticos.