O ex-comandante da Aeronáutica Carlos de Almeida Baptista Júnior prestou um dos mais importantes depoimentos à Polícia Federal no âmbito do inquérito que investiga uma tentativa de golpe de Estado no País.
Aos investigadores, Baptista relatou que o ex-presidente Jair Bolsonaro apresentou a ele e aos comandantes das outras forças soluções para reverter a vitória de Lula nas eleições de 2022, afirmou que Bolsonaro aventou a possibilidade de atentar contra o regime democrático e que ele chegou a afirmar ao ex-capitão que “não aceitaria qualquer tentativa de ruptura institucional para mantê-lo no poder”.
Baptista ainda afirmou que o então comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, ameaçou prender Bolsonaro – versão nunca confirmada pelo general.
Após o depoimento, Baptista submergiu e jamais veio a público dar mais explicações sobre o que presenciou nos últimos momentos do governo passado. Apesar disso, ele tem sido um assíduo usuário das redes sociais, onde mantém mais de 70.000 seguidores no X e compartilha opiniões principalmente sobre temas vinculados à política – dando petardos à esquerda e à direita.
Numa manifestação recente, Baptista rebateu uma publicação feita pela deputada Júlia Zanatta (PL-SC), aliada de primeira hora de Bolsonaro. No texto, a parlamentar escreveu que detesta “melancia na política, mas adoro a fruta melancia”.
O ex-chefe da Aeronáutica lamentou o que chamou de “postura populista” e de desrespeito às Forças Armadas por parte da parlamentar. “Ou a senhora também é viúva de um golpe desejado por alguns dos seus pares, que também atacam a instituição militar brasileira como forma de recalcarem suas frustrações e incompetências?”, escreveu.
Na sequência, o militar se descreveu como um “democrata, patriota, conservador e liberal”, predicados também exaltados por aliados do ex-presidente. Baptista, inclusive, demonstra alinhamento a muitas das bandeiras da direita e de bolsonaristas.
Ele diz, por exemplo, que os atos do 8 de Janeiro foram uma “baderna”, não uma tentativa de golpe. O militar também faz críticas à “irresponsabilidade fiscal” e à falta de credibilidade do atual governo e chamou de “lamentável” uma campanha recente feita pelo Banco Central para rebater as informações de que haveria uma taxação do Pix.
Baptista também compartilhou publicações que atacam a censura e a liberdade de expressão e que criticam a reabilitação penal do ex-ministro José Dirceu e a atuação do ministro Alexandre de Moraes, o relator do inquérito do golpe. “Ninguém tem direito de viver e decidir à margem da lei, nem sob o [falso] pretexto de estar defendendo ou tutelando a democracia. Não quero perder a esperança no bom senso das autoridades constituídas”, escreveu. As informações são da revista Veja.