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Política Ex-correligionário, Ronaldo Caiado diz que “faltou humildade e sobrou deselegância” a Bolsonaro

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Para o governador de Goiás, a postura do ex-presidente foi “deselegante, desrespeitosa”. (Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados)

A disputa eleitoral do segundo turno em Goiânia deixou marcas profundas na direita. De um lado, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o deputado estadual Fred Rodrigues (PL) saíram derrotados em uma campanha com ataques virulentos aos adversários. No outro flanco, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), saiu mais do que vitorioso ao quebrar um tabu histórico e eleger o aliado Sandro Mabel (União Brasil) em um processo que consolidou a sua liderança no Estado.

Dentre tantos “afilhados” que disputavam o segundo turno, Bolsonaro acompanhou a apuração ao lado de Rodrigues, no que foi entendido como uma afronta a Caiado em busca da hegemonia no campo da direita. Para o governador, a postura do ex-presidente foi “deselegante, desrespeitosa” e tentou desgastar sua autoridade no Estado. Segundo ele, a direita não tem dono.

1) A direita saiu rachada em Goiânia?

A centro-direita, em Goiânia, saiu vitoriosa. Eu ganhei a eleição. Eu tenho credenciais de uma vida para falar pela direita no Brasil, quando era palavrão, em 1986. Então aqui, em Goiás, ela saiu vitoriosa.

2) O sr. coloca Bolsonaro, Fred Rodrigues, Gustavo Gayer, no grupo extrema direita, em outra banda?

É outro raciocínio. A centro-direita saiu vitoriosa e o candidato foi eleito. Então eles saíram derrotados? Eu o chamei (Bolsonaro) no começo do ano para que compuséssemos chapas nas cidades de Goiás. Fui surpreendido simplesmente por eles lançarem candidatos no Estado inteiro. Sem nem sequer ter conversado. Então, o que ocorreu em Goiás foi uma falta de habilidade política. Faltou humildade e sobrou deselegância da parte deles em achar que bastava lançar um número, independente do candidato, que ganharia as eleições. Fazer política não é assim. Fazer política é entender que você tem que respeitar as lideranças estaduais, as lideranças municipais, você tem que dialogar, tem que ceder. Não é chegar e dizer: “Ó, é 22. Vota aqui, é 22”. É uma inabilidade em não construir aliança. Ninguém ganha eleição sozinho. Está aí a prova maior.

3) Qual é o tamanho dessa vitória em Goiânia para o projeto político do senhor?

Há 36 anos um governador não elege um prefeito na cidade de Goiânia. Lógico que nós avançamos nisso e conseguimos quebrar mais um tabu. O que isto significa para a minha candidatura em 2026? O primeiro lugar é que eu, se sou o governador mais bem avaliado, eu preciso de uma capital que seja também mais bem avaliada. Isso aí vem dentro daquele estilo meu de governar, que é transformar Goiás sempre numa referência em todas as ações do Estado. E a capital é o cartão-postal do Estado. Esse é o meu objetivo. É só poder mostrar que aquilo que eu proponho fazer está feito. É isso que eu estou falando. A necessidade nossa de ter na capital uma imagem que transmita o avanço que fizemos no Estado.

4) Como vê os ataques de Bolsonaro ao senhor?

Desrespeitoso, deselegante, sem necessidade, até porque eu o apoiei em todas as eleições de que ele participou no cenário nacional. O que eu espero é que isso possa fazer repensar esse seu comportamento no momento da eleição de 2026. A gente não ganha eleição em posições extremadas. As pessoas querem moderação, querem equilíbrio. A população quer saber é de algo direto. Como é que eu vou construir a saúde para as pessoas, a segurança pública, o transporte coletivo, os programas sociais, a educação de qualidade? Vamos botar o pé no chão e ter noção da vida como ela é.

5) Nesse campo da direita, onde pretende buscar apoio?

O Pablo Marçal mostrou que não tem essa tese (de que Bolsonaro domina a direita). A direita e o centro não têm dono de nenhum lado. Cada eleição é uma eleição. Você ganha se tiver os melhores argumentos, as pessoas mais preparadas, se você voltar a fazer política na vertente daquilo que a sociedade espera. Então, não tem esse voto cego, não tem esse voto encabrestado. E você viu que essa eleição foi a eleição da lucidez. As pessoas excluíram os extremismos. E votaram na experiência, na moderação, na competência. Então essa tese de alguém que é dono de um segmento da sociedade não existe. O que nós temos que construir no Brasil é a nossa capacidade de ganhar as eleições. Então, não é ter apenas um segmento da sociedade. Agora não vamos cometer erros primários, de achar que apenas um extremo ganha uma eleição. Não, você tem que ampliar o seu espectro junto à sociedade para construir a sua maioria, uma maioria convergente no sentido de paz.

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