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Ex-deputada federal com mais de 1 milhão de votos, agora só conseguiu 1.673; Joice Hasselmann se diz aposentada da política: “Eleitor se radicalizou”

Em 2018, sua primeira incursão na política, foi a segunda deputada federal mais votada do Brasil. (Foto: Reprodução/Twitter)

Livre. É assim que a ex-deputada Joice Hasselmann define seu estado de espírito, apesar da derrota na eleição para a Câmara Municipal de São Paulo. Hasselmann afirma que a sensação é como se houvesse reconquistado o poder de escolher seu próprio caminho e conta que ficou tão feliz com as perspectivas que se abrem à sua frente que comemorou bebendo algumas garrafas de champanhe.

Em 2018, sua primeira incursão na política, foi a segunda deputada federal mais votada do Brasil, com 1.078.666 votos. A primeira entre as mulheres. Agora, a fragorosa derrota nesta eleição para a Câmara Municipal veio com apenas apenas 1.673 votos. A jornalista garante que, apesar de sua vontade de contribuir por que “faltam na política pessoas decentes e honestas”, ficou aliviada. “Nunca estive na política, como a maioria dos outros, para me locupletar ou para fazer esquema, ou para ganhar poder”.

Segundo ela, a vida política lhe custou saúde, projetos pessoais e perda de renda”. Joice foi líder no Congresso e uma das principais colaboradoras do então presidente Jair Bolsonaro no antigo PSL. Brigas, principalmente com o vereador Carlos Bolsonaro (PL), o filho 02, lhe custaram o cargo e a amizade com o clã.

“Como deputada, deixei muito a minha família de lado para abraçar vários projetos. Viajei o Brasil inteiro, palestrei em tudo que é canto do País, sempre representando o governo. Antes de entrar na política, eu tinha uma carreira bem-sucedida, ganhando muito bem, obrigada. Mas tive que deixar de fazer os meus business. Para você ter uma ideia, eu cobrava R$ 40 mil e fazia, na média, 10 por mês. Isso além da minha renda como jornalista em veículo de comunicação. Ao me tornar líder do governo, tive que abandonar tudo isso. E acabei abrindo mão da minha própria saúde, também. Foi aquele momento em que engordei demais, fiquei com diabetes e uma depressão que me acompanhou por muito tempo. Perdi muita saúde na política”, disse Hasselmann.

Ela continuou e disse que a mudança foi realmente um alívio.

“O fato é que eu comemorei muito. Sinto-me liberta disso. Posso voltar com os meus projetos de comunicação, empreendedorismo, inclusive retomar os cuidados com o meu bem-estar, que eu não deixei de lado, mas dei uma pausa. Foi libertador para mim saber que eu não vou voltar mais para a vida pública, porque eu não preciso disso. Eu me coloquei à disposição porque é preciso mais gente decente e honesta na política. Só que isso é um sacrifício para quem não está ali pelo poder ou pelo dinheiro, é um sacrifício grande. Por isso comemorei. Eu realmente estou feliz, eu não derramei uma lágrima. Na verdade, abri uma garrafa de champagne, uma não, algumas para comemorar.”

Questionada sobre a expressiva votação em 2018 e a diferença para as eleições desse ano, Joice falou sobre a polarização no País.

“Fui para a política por um convite, em um determinado momento da história brasileira, em que os ânimos estavam muitíssimo acirrados, talvez tenha sido o pico da polarização. E, apesar de estar em um partido que tinha muita gente de extrema-direita, eu fui com uma cabeça muito mais centrada em ajudar. Tanto que, apesar de ser líder de um governo que foi muito extremista, consegui aprovar projetos importantes, também pela oposição, porque sempre soube dialogar.” (AE)

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