Sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 19 de fevereiro de 2025
Ex-deputado federal e um dos fundadores do PT, o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh reclamou, em um debate para marcar os 45 anos do partido, no último sábado (15), que o presidente Lula não dá aos companheiros de legenda a atenção devida.
Segundo ele, os ex-presidentes da Câmara dos Deputados Arthur Lira (PP-AL) e do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) recebiam tratamento melhor do que a bancada petista no Congresso.
“A gente não pode tratar o Lira melhor que os companheiros do PT. Abrir agendas para o Pacheco de madrugada, ou sábado e domingo, em detrimento do PT. A bancada do PT está chateada, porque pede reunião com o presidente e o Marcola [Marco Aurélio Ribeiro, chefe de gabinete de Lula] vai levando a gente com a barriga. E coitado do Marcola”, afirmou Greenhalgh, durante evento do grupo interno Diálogo e Ação Petista.
Segundo ele, não se pode tratar melhor os “aliados de ocasião” do que a militância histórica do PT, “que dá o sangue todos os dias, que enfrenta bolsonarista”.
O debate reuniu também outros membros históricos do partido, como ex-sindicalista Djalma Bom e o ex-deputado federal José Genoino.
Amigo de Lula há décadas e seu advogado durante a ditadura, Greenhalgh fez um apelo para que o governo dê uma virada à esquerda, à luz da pesquisa Datafolha que havia sido divulgada no dia anterior, mostrando queda vertiginosa na popularidade do presidente.
“Eu apoio o governo Lula, eu apoio o nosso governo. E eu tenho direito de dizer que o governo tem de vir mais para a esquerda”, afirmou. Para ele, o governo está “meio sem rumo”. “Não tem um núcleo dirigente. O nosso partido está estático”, reclamou.
A queixa se assemelha à preocupação externada por outros simpatizantes de Lula após a pesquisa.
Uma das mais ruidosas foi do advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que divulgou uma carta aberta dizendo que o presidente está “isolado e capturado” no Palácio do Planalto em seu terceiro mandato e não faz política. As informações são do portal Folha de São Paulo.
Greenhalgh
Luiz Eduardo Greenhalgh nasceu no dia 11 de abril de 1948 em São Paulo, capital. Formado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo em 1973, atua como advogado de causas humanitárias e tem sua biografia associada à defesa de presos políticos durante a ditadura civil-militar brasileira, envolvendo-se no caso de diversas lideranças sindicais e políticas. Neste período também advogou para importantes jornais alternativos de resistência.
Como militante de direitos humanos colaborou com diversas mobilizações da sociedade civil em oposição ao regime, dentre elas a fundação do Comitê Brasileiro pela Anistia (1976), do Comitê Brasileiro de Solidariedade aos Povos da América Latina (1980) e a coordenação do projeto “Brasil Nunca Mais” (1979-85).
Foi membro fundador do Partido dos Trabalhadores (PT) e exerceu carreira política como deputado federal e vice-prefeito de São Paulo no governo de Luiza Erundina (1989-1993). No congresso, participou da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) e da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC).