Terça-feira, 22 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 19 de abril de 2025
O diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Luiz Fernando Correa, e o ex-diretor-adjunto do órgão Alessandro Moretti prestaram depoimento à Polícia Federal em Brasília, nesta quinta-feira (17), sobre suspeitas de espionagem ilegal.
Os dirigentes chegaram à sede da PF por volta das 14h30, em carros separados. Os depoimentos estavam marcados para as 15h.
Correa deixou o local pouco antes das 20h, cerca de cinco horas depois. Moretti saiu do prédio ainda mais tarde, perto das 23h – oito horas depois do início previsto.
Correa e Moretti foram ouvidos de forma simultânea, mas em salas separadas. Agendamentos desse tipo são comuns na reta final de investigações, para garantir que não haja interferência nas falas.
Os dois gestores prestaram depoimento no inquérito que apura suposto esquema de espionagem ilegal na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Correa e Moretti não estavam na cúpula da Abin no governo Bolsonaro. A PF, no entanto, apura se integrantes da cúpula da agência indicados já no governo Lula interferiram ou prejudicaram as investigações sobre o caso, dificultando o acesso dos policiais a dados.
Os investigadores também podem fazer perguntas a ambos sobre relatos de espionagem indevida de autoridades paraguaias.
Na semana em que foi revelado o suposto monitoramento de autoridades paraguaias, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, convocou Luiz Fernando Corrêa para uma reunião sobre o tema.
O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, também participou da audiência, que, segundo o Palácio do Planalto, teve o objetivo de checagem de informações divulgadas pela imprensa.
Em nota divulgada no começo da semana, o diretor-geral da Abin afirmou que “está à disposição das autoridades competentes para prestar quaisquer esclarecimentos, seja no âmbito administrativo, civil ou criminal, sobre os fatos relatados na imprensa e que remetem a decisões tomadas em gestão anterior da Agência”.
Cresceu no núcleo do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nesta semana, a percepção de que há uma crise “lamentável” aberta entre Polícia Federal e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Essa crise se aprofundou, segundo interlocutores, com a revelação de uma suposta operação de espionagem feita pela Abin para monitorar autoridades do Paraguai envolvidas em negociações sobre a usina de Itaipu.
O governo se preocupa com a disputa entre os órgãos, e avalia que episódios como esse expõem um setor importante da inteligência brasileira. Mais que isso, revelam a existência de vários grupos dentro da PF.
Por isso, no começo do mês, o presidente Lula conversou com o atual diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Correa, e com o diretor da PF, Andrei Passos.