Terça-feira, 26 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 29 de janeiro de 2024
A Polícia Federal (PF) apontou que, enquanto ocupava o cargo de diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem imprimiu uma lista contendo informações dos inquéritos eleitorais da corporação no estado do Rio de Janeiro.
A lista teria sido produzida em fevereiro de 2020 e apresentava o número do inquérito, o nome do investigado, o cargo político e o partido, de acordo com representação entregue pela PF ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
As informações, segundo a Polícia Federal, eram sigilosas. Além disso, de acordo com a investigação, o uso do sistema First Mile teve um pico durante as eleições.
“A representação da (PF) minudencia a descoberta de impressão, pelo Dr. Ramagem, em fevereiro de 2020, de informações de inquéritos eleitorais em cursos na Polícia Federal que listavam políticos do Rio de Janeiro”, afirma de decisão de Moraes que determinou busca e apreensão em endereços do vereador Carlos Bolsonaro.
“A impressão de relatório de informações com referências à data 28/02/2020, a priori sigilosas, relacionadas à Inquéritos Policiais Federais da DELINST, unidade responsável pelas apurações eleitorais, da Superintendência Regional da Polícia Federal no ano de 2020”, afirmou a PF.
Segundo o documento, das 60.734 consultas feitas ao sistema, 30.344 ocorreram durante as eleições municipais.
A PF cumpriu nove mandados de busca e apreensão na manhã dessa segunda-feira (29). O vereador Carlos Bolsonaro, filho “02” do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi um dos alvos da ação.
Ramagem nega
Em nota divulgada na semana passada, a Abin disse que “é a maior interessada” na apuração dos fatos e que continuará a colaborar com as investigações.
“Há 10 meses a atual gestão da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) vem colaborando com inquéritos da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal sobre eventuais irregularidades cometidas no período de uso de ferramenta de geolocalização, de 2019 a 2021. A Abin é a maior interessada na apuração rigorosa dos fatos e continuará colaborando com as investigações”, disse o órgão.
Ramagem disse na última quinta (25) que nunca teve acesso às senhas de sistemas de monitoramento para espionar autoridades públicas e cidadãos comuns.
“Nós da direção da Polícia Federal, policiais federais que estavam comigo, nunca tivemos a utilização, execução, gestão ou senha desses sistemas”, disse Ramagem à Globonews.
A operação “Vigilância Aproximada” investiga o uso ilegal da ferramenta de espionagem First Mile pela Abin. A suspeita é que, durante o governo Bolsonaro, a agência tenha usado o software israelense para monitorar, ilegalmente, opositores.
“Quando nós fomos ouvir o diretor responsável pelas senhas e pela gestão para demonstrar como funciona ou para melhor funcionar não estava tendo isso. Quando se negaram a me informar como eles estavam trabalhando com a ferramenta, eu exonerei esse diretor, que era o chefe dessa ferramenta, e encaminhei todo o procedimento para a corregedoria”, disse o deputado.