O ex-presidente-executivo da Americanas, Miguel Gutierrez, trocou de nome quando chegou à Espanha, há um ano, depois de fraude na varejista. Miguel deixou de usar o Gutierrez e passou a se chamar Miguel Sarmiento Gomes Pereira quando se naturalizou espanhol.
Gutierrez, que liderou a Americanas por mais de duas décadas até dezembro de 2022, foi preso na sexta-feira (28), em Madri, mas no sábado (29), foi solto e se encontra em sua residência na capital da Espanha. O ex-executivo é suspeito de comandar a fraude de resultados que levou ao rombo de mais de R$ 25 bilhões na varejista.
De acordo com relatos dos investigadores espanhóis que ajudaram a localizá-lo na Espanha, a mudança teria dificultado a identificação do endereço do executivo pela Polícia Federal, em fevereiro deste ano. Embora o próprio Gutierrez tenha afirmado que estava em Madri, naquele momento o endereço dele não era conhecido da polícia.
Com a soltura, Miguel Gutierrez terá de cumprir uma série de obrigações com a Justiça espanhola como comparecer em juízo a cada duas semanas; entregar o passaporte às autoridades; e se comprometer a não deixar a Espanha.
Na quinta-feira (27), a Polícia Federal deflagrou a operação Disclosure contra fraudes contábeis nas Lojas Americanas. Gutierrez nega irregularidades.
O contato entre as duas polícias era feito por um agente do Centro de Cooperação Policial Internacional, o CCPI, um núcleo de inteligência que fica na superintendência do Rio de Janeiro, com policiais de vários países que acessam seus bancos de dados de origem em tempo real.
Quando a delegacia de crimes financeiros da PF, que conduz o inquérito, pediu ao agente espanhol que ajudasse a localizar Gutierrez e passasse a monitorá-lo, a diferença de nomes foi um obstáculo que atrasou o trabalho em alguns dias. Depois de descoberta a troca de nomes, os espanhóis foram ao local onde Gutierrez mora.
As informações são do jornal O Globo.
Miguel Gutierrez vive na Espanha desde que o escândalo da Americanas estourou, em janeiro de 2023, e tem cidadania espanhola. Seu nome chegou a ser incluído na Difusão Vermelha da Interpol, a lista dos mais procurados do mundo.
O governo brasileiro analisa a possibilidade de pedir a extradição de Gutierrez, para que ele responda pelo crime e cumpra eventual condenação no Brasil. O fato de ele ter cidadania espanhola, no entanto, é um complicador – a Espanha, por regra, não extradita seus cidadãos.