Quinta-feira, 24 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 26 de outubro de 2015
Em depoimentos prestados para acordo de delação premiada, o ex-diretor da empresa italiana Saipem João Antônio Bernardi Filho, admitiu que gerenciava a offshore Hayley a pedido do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque. Segundo os depoimentos, a Hayley recebeu 9,4 milhões de dólares entre os anos de 2009 e 2013.
Para receber os valores, Duque procurou Bernardi, que conhecia há mais de 30 anos, conforme o depoimento. O delator disse que o então diretor da estatal contou que tinha valores importantes a receber nos próximos anos, e que gostaria de investir para usufruir dos valores na aposentadoria, quando assumiria a Hayley.
Os pagamentos foram feitos, segundo Bernardi, a título de propina por representantes da empresa Confab, que mantinha contratos com a Petrobras. O delator afirmou que a empresa procurou Duque propondo os pagamentos de comissões proporcionais às ordens de compra que fossem emitidas. Assim, foi constituída a Hayley, controlada por Bernardi, mas cujo beneficiário era Duque.
A empresa chegou a comprar 12 imóveis com os recursos recebidos, a maior parte deles no Rio Janeiro, e alguns em São Paulo. Além disso, foram adquiridas pelo menos 14 obras de arte.
Pelo gerenciamento da offshore, Bernardi deveria receber 50% dos ativos da Hayley, quando estes fossem vendidos. Dos 12 imóveis, no entanto, apenas um chegou a ser passado adiante.
Conforme Bernardi, com as dificuldades do mercado imobiliário, ele optou por diversificar os investimentos da Hayley com as obras de arte – que tinham menor custo fixo e eram mais facilmente vendidas. Segundo a delação, foram investidos 848,6 mil de reais em quadros de artistas como Di Cavalcanti, Alfredo Volpi e Guignard.